Krishnamurti, por Henry Miller
Krishnamurti e Henry Miller – “Veja o que se passa no mundo. Os fortes, os violentos, os poderosos, os homens que usurpam e exercem o poder sobre os outros estão no topo; no sopé estão os fracos e mansos, que lutam e se debatem. Em contrapartida, pense na árvore, cuja força e glória provêm de suas raízes profundas e ocultas; no caso da árvore, o topo está coroado pelas folhas delicadas, brotos tenros e os ramos mais frágeis. Na sociedade humana – pelo menos em sua atual constituição -, os fortes e os poderosos são sustentados pelos fracos. Na natureza, ao contrário, é o forte e o poderoso que suportam o fraco. Enquanto você insistir em ver cada problema com uma mente pervertida, distorcida, continuará aceitando o atual estado de coisas. Quanto a mim, encaro a questão sobre outro ponto de vista… Como suas convicções não resultam de sua própria compreensão, você fica repetindo o que é dado pelas autoridades; você acumula citações, opõe uma autoridade a outra, o antigo contra o novo. Nada tenho a dizer. Mas se você encarar a vida de um ponto de vista que não seja deformado nem mutilado pela autoridade, nem amparado pelo conhecimento dos outros, e sim que brote de seus próprios sofrimentos, de seus pensamentos, de sua cultura, de seu entendimento, de seu amor – então você compreenderá o que digo ‘car la méditation du coeur est l’entendement…’ (porque a meditação do coração é o entendimento). Pessoalmente – e espero que você entenderá o que digo agora -, não tenho crenças e não pertenço a nenhuma tradição.” Krishnamurti, Jiddu in Krishnamuti de Henry Miller (Editora Giordano, 1998, páginas 32, 33 e 34) Filósofo indiano, Krishnamurti (1895-1986) escreveu mais de 60 livros em que, a grosso modo, afirmou que o homem só viveria melhor se buscasse uma profunda mudança de seus estados mentais através da prática da compaixão, do amor e da meditação. Fundou várias escolas ao redor do mundo e sempre rechaçou a necessidade de autoridade religiosa ou psicológica para a busca de um estado espiritual elevado. Em suas palestras, que reuniam centenas de pessoas, Krishnamurti sempre ressaltou a importância da liberdade para uma existência plena. Ele nunca aceitou ser chamado de ‘líder espiritual’ e acreditava que o homem é bruto, violento e agressivo e construiu a sociedade em que vivemos dessa maneira. Por conseguinte, a mudança não é coletiva e sim individual, e passa pelos padrões que sua mente se comporta. A busca por uma mente equilibrada e estável fará com que mudemos nossos padrões e, em consequência, o mundo exterior. O norte-americano Henry Miller (1891-1980) é um dos maiores escritores do século passado. Autor de vários livros (entre eles, Krishnamurti, publicado em português em 1998), ficou conhecido por mesclar autobiografia com ficção. Sobre Krishnamurti, chegou a dizer nos anos 60: “jamais me encontrei com Krishnamurti, embora não haja ser humano vivo pelo qual eu sentiria o maior privilégio de encontrar do que ele”. Veja dois vídeos em que Krishnamurti explica um pouco do que pensa: O encontro entre Anais Nin e Henry Miller É possível VER com Dom Juan e Carlos Castañeda
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