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Lula

Moro e o MPF comprovam a força de Lula

por Guilherme Scalzilli Alguns comentaristas torceram narizes diante de minha avaliação sobre a vantagem de Lula na campanha de 2018. Talvez, com certa razão, achem cedo para tecer prognósticos, especialmente os favoráveis ao PT. Mas será tão difícil reconhecer que a perseguição a Lula reflete o poder propagandístico do seu legado administrativo? Até a direita parece admiti-lo. Se Lula será candidato ou, caso afirmativo, se conseguirá vencer, permanecem questões esotéricas, para as quais cada facção adapta suas respostas preferidas. As lucubrações em torno da tentativa de destruir o “mito lulista” não me parecem equivocadas, mas resultam simbólicas demais num combate aberto. E, no final das contas, apenas corroboram aquele raciocínio, sem traduzi-lo nas poucas e boas palavras que a situação pede. O que Machado de Assis falou do juiz Sérgio Moro Sérgio Moro, orgulhosamente pragmático, não se dedicaria a desconstruções imaginárias sem uma finalidade muito precisa. Conforme aponto desde o início da Lava Jato,  seu alvo principal sempre foi Lula, e não Dilma Rousseff, porque é nele que reside o projeto de continuidade do PT no poder. Isso não tem nada a ver com mitologias, sonhos, esperanças ou mesmo programas de governo. O objetivo do Ministério Público é destruir o petista com maiores chances de vencer as eleições presidenciais de 2018. Se Lula não as tivesse, jamais estaria sendo atacado por motivos tão frágeis e risíveis. Quanto mais desesperada e apelativa for a sanha punitiva contra Lula, mais evidente fica o temor que ele inspira no antipetismo judiciário. A militância progressista deveria usar isso como estímulo, em vez de ignorar a natureza eleitoral dos ataques. Seus adversários não cometem o mesmo equívoco. Publicado originalmente no Blog do Guilherme Scalzilli. Por que tanto esforço para incriminar Lula?  

Por que tanto esforço para incriminar Lula?

por Guilherme Scalzilli A resposta simplificada: porque é, desde já, o candidato mais forte na eleição de 2018. Seus governos são imbatíveis comparativamente. Não há estatística do período 2003-2010 que perca para outra similar no recorte histórico disponível. Isso ocorre tanto para os índices abrangentes da macroeconomia quanto para minúcias setorizadas e regionais, passando pelo acesso a bens de consumo, à cultura, à educação, à cidadania. E, acima de tudo, pela redução de desigualdade. O lulismo é, de longe, a maior força isolada no cenário político nacional, exatamente porque não exige simpatia programática pelo PT. O voto antipetista se divide, à esquerda e à direita, em afinidades partidárias e pessoais amiúde incompatíveis no jogo de alianças. O lulismo agrega filiações diversas. Moro e o MPF comprovam a força de Lula Nenhuma liderança chegará à próxima disputa com a vantagem inicial de Lula. É bobagem omitir esse fato nas análises conjunturais, pois ele se manifesta em dados precisos e aferíveis. Ignorá-los não revela prudência ou isenção do observador, mas uma tendência infantil para o auto-engano. É atitude típica dos comentaristas de direita, que sempre subestimaram as chances do PT nas eleições presidenciais e sempre erraram. Mas existem grupos no campo oposicionista que não se satisfazem com narrativas confortáveis. Eles aprenderam a respeitar a dimensão político-eleitoral de Lula e vêm lutando arduamente para tirá-lo do páreo. Não se trata mais de abalar sua imagem pública. O fracasso eleitoreiro do julgamento do “mensalão” mostrou que o prestígio de Lula sobrevive mesmo sob implacável campanha negativa. A própria estratégia golpista refluiu, entre outros motivos, por causa da incerteza quanto aos efeitos negativos sobre o ex-presidente. A questão, portanto, é impedir a candidatura de Lula, suspendendo seus direitos políticos no TSE ou no STF, sob os convenientes auspícios da Ficha Limpa. Matar o projeto no estado embrionário, com o torniquete inapelável da legalidade. Eis o motivo da afoiteza com que procuradores e juízes tratam as “suspeitas” contra Lula e sua família. A rapidez garante que um eventual processo transcorra, ou pelo menos seja iniciado, antes que a Lava Jato se desmoralize de vez. E assim chegamos a uma resposta mais abrangente para a questão do título: a ofensiva contra Lula ocorre porque o Judiciário brasileiro se transformou num mecanismo capaz de atropelar a democracia para satisfazer interesses político-partidários. Publicado originalmente no Blog do Guilherme Scalzilli.

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