Zona Curva

Curtas na curva

Textos breves sobre uma gama variada de assuntos.

Desigualdade social: Ricos ganham 36 vezes mais que os pobres no Brasil, segundo IBGE

Desigualdade social no Brasil – Em 2017, os integrantes de 1% da população brasileira com maior renda receberam 36 vezes mais (R$ 27.213) do que o rendimento médio dos 50% da população com os menores rendimentos (R$ 754). Na região Nordeste, a proporção é ainda mais alta: 44,9 vezes. Os dados foram divulgados ontem pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Já os 10% mais ricos detêm 43,3% da massa de rendimentos do país, enquanto os 10% mais pobres recebem apenas 0,7% da renda. O rendimento médio mensal domiciliar per capita caiu de R$ 1.285 em 2016 para R$ 1.271 em 2017. As regiões Norte (R$ 810) e Nordeste (R$ 808) apresentaram os menores valores e a Região Sul, o maior (R$ 1.567). Apesar da crônica desigualdade brasileira, o número de domicílios que receberam auxílio financeiro do Programa Bolsa Família no ano passado caiu de 14,3% (2016) para 13,7% (2017). O rendimento mensal domiciliar per capita dos domicílios que recebem Bolsa Família foi de R$ 324 e das famílias que não recebem foi de R$ 1489. A insana desigualdade social no mundo https://www.zonacurva.com.br/a-cronica-desigualdade-brasileira/ Norte e Nordeste voltam a ser esquecidos no faminto Brasil de Bolsonaro

Lula recorre a ONU para evitar prisão

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou com um pedido de liminar no Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas, com sede em Genebra, no qual pede que o órgão solicite ao governo brasileiro que impeça a prisão dele até que se esgotem os recursos contra sua condenação em todas as instâncias da Justiça. Os advogados Cristiano Zanin, Valeska Zanin e Geoffrey Robertson alegam que o julgamento da última quarta-feira (4), quando o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou, por 6 a 5, um habeas corpus preventivo de Lula, precisa ser examinado por um tribunal independente. “A decisão por uma estreita margem, tomada na quarta-feira, 04 de abril, pelo Supremo Tribunal Federal, demonstra a necessidade de um tribunal independente examinar se a presunção de inocência foi violada no caso de Lula, como também as alegações sobre as condutas tendenciosas do juiz Sérgio Moro e dos desembargadores contra o ex-presidente”, disseram os advogados por meio de nota. Lula encontra-se neste momento no Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo. Ontem (6), o juiz federal Sergio Moro pediu a prisão do ex-presidente no caso do tríplex no Guarujá (SP), determinando que ele se entregue à Polícia Federal até as 17h desta sexta-feira. Da Agência Brasil. Brizola: “julgamento de Lula foi um teatro” Precisa-se de sindicato  

Professor indígena é assassinado em Penha, Santa Catarina

por Elaine Tavares Penha é uma cidade no litoral de Santa Catarina, que tem apenas 21 mil habitantes. É um lugar tranquilo para umas boas férias e é por isso que no verão ganha novas cores, com a presença de turistas. Pois esse lugar bucólico acabou sendo túmulo para mais um jovem indígena desse estado que abriga hoje apenas três etnias: a Guarani, a La Klanô Xogleng e Kaingang. Para lá tinha ido o professor Marcondes Nambla aproveitar o verão para um trabalho temporário, vendendo picolé na praia. Vivendo na aldeia e atuando como educador, foi buscar uma renda a mais, visto que esse é o destino de grande parte dos indígenas. Não tem terra para vivenciar sua cultura e precisar sair para o mundo em busca da sobrevivência. Triste realidade para os indígenas, sempre divididos entre o que são e o que o mundo que dominou a vida originária quer que sejam: integrados. Mas, um índio nunca será integrado. Assim como o negro, ele carrega uma marca. A marca da exclusão, a não aceitação de sua pele, sua cor, de seu modo de vida, de sua existência, como se esse mundão de terras que conforma nosso país não fosse deles também. Os índios, por originários e os negros por terem sido trazidos à força e terem garantido a riqueza da nação. Assim que, nesse movimento por viver, a virada do ano em Penha acabou sendo o fim da linha para o professor Xokleng. Ele foi encontrado no centro da cidade, caído na rua, com visíveis sinais de espancamento. Sua cabeça foi fortemente atingida, o crânio afundado, e os parentes – da Comissão Nhamonguetá – dizem que havia sinais de que um carro tivesse passado por cima do seu corpo. Era um jovem simples, nada tinha para ser roubado. Pode ter sido um atropelamento, não se sabe se intencional ou não. Os bombeiros que fizeram a ocorrência disseram que pode ter sido espancamento. Foi levado para o hospital, mas não resistiu. Marcondes até pouco tempo circulava pelo Campus da UFSC onde se formou no Curso de Licenciatura Indígena. Tinha uma vida inteira pela frente, na batalha pela educação do seu povo e pela preservação da língua Xokleng. Não pisará mais na aldeia, nem ensinará os pequenos Xoklengs. Lutou pela vida no hospital, para onde foi levado. Mas, não venceu essa batalha. Morreu no final do segundo dia de 2018. Ainda não se sabe quem matou Marcondes Nambla numa noite que seria para celebrar a vida. Nem o que aconteceu de fato. Na delegacia de Piçarras, que é responsável pela comarca, o policial Elisandro informou que esse é um tempo complicado para a polícia, pois o sistema todo está em recesso. Segundo ele, os investigadores da cidade de Penha certamente estarão acompanhando o caso, mas uma informação oficial sobre o assassinato só poderá ser dada depois do recesso, que encerra dia 8 de janeiro. Em Penha a delegacia está fechada, ainda que agentes estejam de plantão. Elisandro diz que a investigação está andando, mas ainda assim há que esperar. Enquanto isso, a comunidade Xokleng chora seu filho. Um a mais que é arrancado da vida, esse dura vida de povo originário, perdido de direitos. Publicado originalmente no Instituto de Estudos Latino-americanos. Povo Anacé luta pela proteção da água no Ceará A luta contra o genocídio indígena Matam mais um índio Terras indígenas são estratégicas contra mudanças climáticas, defende deputada Joenia Wapichana    

Noam Chomsky e o sonho americano por um fio

por Fernando do Valle   https://youtu.be/eygAlutORMk O linguista e filósofo Noam Chomsky conseguiu pular os muros da academia e se tornou um dos intelectuais públicos mais incensados dos últimos tempos. No documentário Réquiem para o sonho americano, ele mostra como nas últimas décadas uma nata de endinheirados, que se concentra basicamente no mercado financeiro, destruiu o sonho meritocrático nos Estados Unidos. Se o link acima está fora do ar, o documentário Requiem for the American Dream pode ser assistido na Netflix, outras cópias também estão disponíveis no Youtube. Chomsky expõe 10 motivos que levaram ao diagnóstico sombrio do destino norte-americano, isso antes da eleição do atual presidente Donald Trump, já que o documentário foi lançado em 2015. Reduzir a democracia, moldar a ideologia e redesenhar a economia são algumas das senhas de Chomsky para entender o que houve com o tal do sonho americano. Segundo ele, as corporações reagiram às tentativas de luta por mais direitos nos anos 60 e 70, ou seja, houve uma resistência a um aprofundamento do processo democrático. “[Nos início dos anos 70, há o] reconhecimento da impossibilidade de garantir o desenvolvimento capitalista por meio de instrumentos da regulação soberana interna, ou seja, de controlar a relação de capital dentro do espaço-nação. A pressão dos operários sobre o salário, com os consequentes processos inflacionários dos primeiros anos da década de 70, bloqueia a possibilidade por parte dos Estados-nação, de exercer o controle direto no espaço nacional através das lutas e de recompô-lo através do desenvolvimento” (NEGRI, Antonio, 5 Lições sobre o Império). O capitalismo, a banalização e o Netflix  

Banksy cria hotel-protesto na Palestina

por Fernando do Valle O hotel-protesto Walled Off do artista inglês Banksy tinha seus 9 quartos reservados até final de junho. As diárias variam entre US$ 30 e US$ 965. O hotel fica em frente ao trecho do muro construído pelo governo israelense há 15 anos na parte oeste da cidade de Belém, na Cisjordânia. O muro é decorado com grafites e colagens por artistas e anônimos que denunciam a ocupação israelense. No próprio panfleto de divulgação, o hotel se auto-intitula como o de “pior vista do mundo”. Os quartos do hotel contam com trabalhos de Banksy e convidados como a artista palestina Sami Musa e o franco-canadense Dominique Petrin. LEIA TAMBÉM “Dismaland, o parque de diversões distópico de Banksy” O hotel recebe cerca de 700 visitantes por dia, 200 deles palestinos. A Cisjordânia é governada pela Autoridade Nacional Palestina, governo reconhecido internacionalmente, porém parte de suas terras são ocupadas por Israel desde 1967. Há 50 anos, Israel ocupa Jerusalém Oriental e Cisjordânia após vencer a guerra contra a Jordânia. Conheça o parque de diversões distópico Dismaland, outra criação de Banksy Banksy protesta com sua arte contra o muro há tempos e algumas de suas principais obras estão expostas ao ar livre nos muros da cidade de Belém, onde nasceu Jesus.  O hotel conta com galeria que vende obras do inglês e de artistas palestinos. O montante arrecado com a venda das obras e do hotel serão investidos em projetos na comunidade palestina. MAIS FOTOS:   Em protesto contra Putin, Pussy Riot invade o gramado na final da Copa do Mundo

Nós somos os otários

por Fernando do Valle O depoimento de Marcelo Odebrecht ontem no TSE no processo que investiga a chapa Dilma-Temer na eleição de 2014 é a primeira onda do tsunami que deve inundar Brasília no próximo mês. Odebrecht afirmou ontem que ele era o “otário da corte” e que se via obrigado a repassar propinas a políticos. Preso desde junho de 2015, Marcelo Odebrecht finalmente incorpora a gíria da cana dura e percebe que é mais fácil se fazer de vítima, afinal malandros são os políticos, ele era um mané, um otário que caiu na lábia dos canalhas. O pai dos burros nos ensina, otário, s.m. (Bras.) Indivíduo tolo, fácil de ser enganado. Condenado a 19 anos de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa, Marcelo como todo presidiário que se preze se faz de tolo. Nós, os 99%, distantes dos gabinetes do poder, que não temos contas no exterior e estamos sendo enganados faz tempo, nos encaixamos melhor na descrição do dicionário. No TSE, Marcelo Odebrecht afirmou que doou R$ 150 milhões à campanha de Dilma-Temer em 2014, 4/5 desse montante via caixa 2. Após a suspeita morte do ministro do STF Teori Zavascki, o terremoto das 77 delações de funcionários da Odebrecht está agora nas mãos do ministro Edson Fachin, que trabalhou durante o carnaval com sua equipe para finalizar os trâmites jurídicos das informações que tiram o sono de muitos políticos em Brasília. Na primeira delação divulgada em dezembro do ano passado, o ex-executivo Claudio Melo Filho citou 43 vezes o presidente Temer. Melo afirmou que Temer solicitou R$ 10 milhões para a campanha de 2014 em um jantar no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente. Marcelo Odebrecht confirmou ontem o jantar e que foi acertado apoio político ao PMDB na ocasião, mas que os valores foram acertados com o atual ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. Advogados de Michel Temer pretendem empurrar com a barriga o processo no TSE até 2018. Além disso, conforme informa hoje o jornalista Bernardo Mello Franco, o governo ameaça trocar ministros do Tribunal Superior Eleitoral. Enquanto isso, Temer acelera no Congresso a retirada de direitos trabalhistas e a restrição de aposentadorias para pagar a fatura ao andar de cima que o guindou a presidente. Delação da Odebrecht e a agonia final da Nova República

Protestos ocupam aeroportos nos Estados Unidos

por Elaine Tavares Centenas de pessoas participaram de protestos nesse final de semana, em vários aeroportos dos Estados Unidos, contra a prisão de inúmeros estrangeiros que chegaram ao país com vistos válidos, mas que acabaram detidos por conta da ordem executiva do presidente Trump, que proíbe a entrada de imigrantes. Os protestos foram ouvidos pela justiça, através da juíza federal Ann M. Donnelly, que expediu uma decisão permitindo que as pessoas detidas nos aeroportos fiquem no país, apesar do veto do presidente. Aqueles que estão com os vistos válidos entrarão e ficarão, ainda que numa situação de “estadia de emergência”. Os imigrantes que estão proibidos pelo presidente de entrar no país são de países como o Iêmen, Iraque, Irã, Líbia, Síria, Sudão e Somália, e não é coincidência que esses países ou sejam considerados inimigos pelos EUA, como é o caso do Irã e Iêmen, ou tenham sido destruídos pelos EUA em invasões violentas como a Líbia, Iraque e Síria, ou estejam sob ataque e intervenção como o Sudão e a Somália. A ordem da juíza federal de uma estadia de emergência teve como base a garantia do direito de ir e vir e os princípios dos direitos humanos. Segundo ela, o envio dessas pessoas de volta para os países de origem poderia causar um “dano irreparável”. Ela fixou a data de dois de fevereiro para uma audiência na qual se abordará novamente o caso. Até lá, aqueles que foram detidos serão liberados e poderão ficar no país. A justiça atendeu a uma ação impetrada pela União Estadunidense pelas Liberdades Civis (ACLU, sigla em inglês) que considerou inconstitucional a medida presidencial que visa vetar a viagem de pessoas com vistos válidos, com o argumento vago de “luta contra o terrorismo”. Desde que a ordem presidencial foi assinada já se contabilizavam mais de 200 pessoas detidas nos aeroportos. Base do estado liberal, a luta pelos direitos civis é muito respeitada nos Estados Unidos e levou os estadunidenses a inúmeros protestos, não apenas nos aeroportos, mas também nas ruas. Desde que Donald Trump tomou posse e iniciou seu programa de governo, que contém ataques aos direitos civis, as mobilizações só têm crescido. As entranhas silenciosas do império se movem.   A tortura como método de esmagar a pessoa

Obama perdoa Chelsea Manning

por Fernando do Valle Em uma de suas últimas decisões como presidente dos Estados Unidos, Barack Obama ordenou a libertação de Chelsea Manning, analista de inteligência do Exército daquele país, no próximo dia 17 de maio. A militar transgênero vazou informações sigilosas do governo norte-americano ao site Wikileaks, fundado pelo australiano Julian Assange. Na próxima sexta, dia 20, o presidente eleito em novembro, Donald Trump, assume o cargo e não se pronunciou até o momento sobre a decisão de Obama. Chelsea está detida há 7 anos na prisão masculina de segurança máxima do exército em Fort Leavenworth, em Kansas. Em agosto de 2013, a militar foi condenada há 35 anos de prisão por crimes de espionagem. Conhecida como whisteblower (denunciante, delatora), a analista militar tentou o suicídio em duas ocasiões no ano passado além de ter feito greve de fome. Antes conhecida como Bradley Manning, a militar está em tratamento para redesignação sexual por disforia de gênero. Ela iniciou sua transição de gênero após a sentença, mas acusa o Ministério da Defesa por não obter o tratamento adequado ao seu caso. Chelsea repassou 700 mil documentos do governo norte-americano ao Wikileaks. Vários desses documentos demonstraram flagrantes violações de Direitos Humanos por parte dos Estados Unidos. Outras 63 pessoas obtiveram perdão do presidente Barack Obama. Julian Assange disse que aceitaria ser extraditado para os Estados Unidos se Obama concedesse o indulto para Manning. Assange vive na embaixada do Equador em Londres desde junho de 2012. Video vazado por Chelsea mostra a execução de civis em Bagdá por militares norte-americanos:  

Até a ONU alertou, mas a PEC do Fim do Mundo foi aprovada

por Fernando do Valle No final da semana passada, o relator da ONU para extrema pobreza e direitos humanos, Philip Alston, alertou que a PEC 55/241 (ou PEC do Fim do Mundo) era uma medida “radical e sem compaixão que iria atar as mãos dos futuros governantes e teria impactos severos sobre os brasileiros mais vulneráveis, além de constituir uma violação de obrigações internacionais do Brasil”. De nada adiantou, a PEC 55 foi aprovada por 53 votos a 16 na segunda votação do plenário do Senado hoje. Segundo pesquisa Datafolha realizada com 2.828 pessoas entre os dias 7 e 8 de dezembro, 60% dos brasileiros são contrários ao projeto. Apenas 24% se mostraram favoráveis, 4% se disseram indiferentes e 12% não souberam responder. A votação que aprovou a PEC aconteceu na hora do almoço e no final da tarde de hoje milhares de manifestantes foram às ruas em protestos previamente agendados pelas redes sociais. Em Brasília, o vídeo do The Intercept Brasil  mostra que a repressão começou antes de seu início. A polícia atirou bombas de gás lacrimogêneo além de revistar todos os carros que entravam na área cercada da Esplanadas dos Ministérios. Os manifestantes reagiram queimando pneus, inclusive um ônibus foi incendiado. Em São Paulo, a manifestação foi agendada às 17h na Praça do Ciclista no final da avenida Paulista. Por volta das 19h30, manifestantes quebraram a fachada da Fiesp. Assista ao vídeo dos Jornalistas Livres.  Leia texto do professor Pablo Ortellado que aponta como a PEC beneficia os ocupantes do andar de cima da pirâmide social brasileira.  Bombas e mais bombas da polícia na manifestação em Brasília: A PEC 241 é ponte para a dor O Rio Grande, os trabalhadores e o capital

Áustria elege ambientalista e escapa da extrema direita

por Fernando do Valle Na terra natal daquele que prefiro não escrever o nome para evitar a Lei Godwin, por pouco a extrema direita, representada pelo nacionalista Norbert Hofer, não venceu as eleições ontem. O ambiente criado pela vitória de Trump na eleição norte-americana em novembro e pelo Brexit quase tornaram a Áustria o primeiro país europeu governado pela ultradireita desde a Segunda Guerra Mundial. Com 53,3% dos votos, o ambientalista Alexander Van der Bellen, 72 anos, defensor da União Europeia, venceu Hofer, de 45 anos, do Partido da Liberdade (!!), com 46,7% dos votos nas eleições presidenciais. Bellen já foi do Partido Verde, mas concorreu como candidato independente. Ele havia vencido as eleições em maio por uma pequena margem de 31 mil votos em um país de 6,4 milhões de eleitores, mas a Justiça anulou o pleito por suspeitas de irregularidades. Desta vez, a margem foi maior. O Brexit e Trump ouriçaram a extrema direita na Europa. Marine Le Pen com chances nas eleições na França em 2017, e o Alternativa para a Alemanha, também de extrema direita, apoiaram Hofer. Por aqui, entre os grupos que se manifestaram nas ruas ontem os intervencionistas militares novamente deram as caras. Na Áustria, o poder do presidente é mais limitado do que o do premiê, mas é essencial na formação de coalizões políticas. A extrema direita usou e abusou da crise dos refugiados na eleição austríaca. Em 2015 e 2016, o governo austríaco recebeu quase 130 mil pedidos de asilo de emigrantes. Na campanha, Hofer apresentava-se como o defensor do “povo” contra “essa invasão” e chegou a afirmar que muitos deles são “falsos refugiados” interessados em viver às custas das ajudas sociais, e acusou parte deles de terroristas. Também ameaçou dissolver o Parlamento caso suas propostas xenófobas não fossem aprovadas. O FPO, partido de Hofer, foi fundado durante os anos 1950 por ex-nazistas e é partidário de referendo para a saída da Áustria da União Europeia, o país entrou para o grupo em 1994. Os eleitores de vários países europeus sentem-se acuados pela crise econômica e a chegada de milhares de refugiados e a extrema direita tem apresentado soluções fáceis como o fechamento de fronteiras e incentivado o racismo e a xenofobia. A derrota de Hofer na Áustria foi um breque nesse escalada perigosa, aguardemos os próximos capítulos. Com informações da Deutsche Welle. Geração Z sofre com eco-ansiedade, medo da destruição ambiental