Zona Curva

Curtas na curva

Textos breves sobre uma gama variada de assuntos.

Ei, Millôr, tem outro por aí falando que inventou o frescobol

Bem-vindo ao Fatos da Zona, onde adaptamos os textos mais acessados do site do Zonacurva Mídia Livre para o audiovisual. ASSISTA:   Entre as várias proezas realizadas pelo multihomem Millôr Fernandes e confirmadas com firma reconhecida em cartório, em uma, como o inventor do frescobol, ele deve dividir (ou entregar) os louros para a concorrência. O escritor e cartunista sempre se jactou de ter inventado o esporte nas praias cariocas, mas o empresário Lian Pontes de Carvalho também (?) é considerado o pai desse esporte genuinamente brasileiro. O adversário de Millôr nessa disputa ao estilo Santos Dumont x Irmão Wright era frequentador da Praia de Copacabana e dono de uma fábrica de móveis de piscina, pranchas e esquadrias de madeira, na Rodovia Presidente Dutra e, em 1945 ou 1946, confeccionou a pedido de um amigo as primeiras raquetes para a prática do tênis de lazer jogado na praia, prática diversa do Beach Tennis, jogado de forma competitiva e inventado na Itália nos anos 60. Millôr exaltava o frescobol como “o único esporte em que ninguém ganha”. Na noite de abertura da FLIP (Festa Literária de Paraty), na quarta, o amigo Jaguar provocou Millôr e falou que ele saiu com essa porque não tolerava perder. Hoje o frescobol conta com federações em alguns estados e as apresentações podem ser feitas em dupla ou em trio e como não existem adversários, um atleta busca explorar os pontos fortes do outro, ao contrário dos outros esportes. PIF-PAF tentou curar a ressaca do golpe de 64

E depois chamam isso de progresso

O curta-metragem Man retrata a “evolução” do ser humano nos últimos 500 mil anos e foi criado pelo ilustrador e animador londrino Steve Cutts. Ele estudou Belas Artes na Universidade de Farnham e trabalhou na agência de comunicação Glue Isobar. “Se por amor às florestas um homem caminha por elas metade do dia, corre o risco de ser considerado um vagabundo. Mas se usa seu tempo para especular, ceifando a mata e tornando a terra careca antes do que deveria, ele é visto como um cidadão industrioso e empreendedor” Henry David Thoreau  

Agrotóxicos: Cuidado com o que você come

Agrotóxicos – Depois de discutir o passado em documentários políticos como Jango (1984) e Os Anos JK (1980), o documentarista Silvio Tendler volta-se para o futuro no filme O Veneno está na mesa 2, que aborda o uso indiscriminado de produtos químicos pelo agrobusiness brasileiro e retrata algumas alternativas oferecidas por trabalhadores do campo que praticam a agricultura com respeito ao meio ambiente. O filme é a sequência de O Veneno está na mesa, lançado em 2011. Verdadeiro alerta sobre os males dos agrotóxicos nos alimentos que consumimos, o filme recém-lançado aponta a agricultura orgânica e as experiências agroecológicas como saídas possíveis ao uso de venenos produzidos por grandes corporações na agricultura. Desde 2008 o Brasil é o país que mais consome agrotóxico no mundo. Em outubro de 2013, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou o resultado do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para). O levantamento mostrou que 36% das amostras de alimentos analisadas em 2011 e 29% das realizadas em 2012 tiveram presença elevada de agrotóxico. Além disso, 30% apresentaram índices abaixo do permitido, mas que também pode ser nocivo à saúde. A agroecologia garante o manejo correto dos recursos naturais e estabelece um equilíbrio entre as relações de consumo e produção. Basicamente, ela traz a necessidade da preservação ecológica para a cabeça e o cotidiano do agricultor. O documentário desmistifica a ideia de que os produtos orgânicos são caros e inacessíveis. A proliferação e a alta procura dos consumidores pelas feiras orgânicas demonstra a conscientização de parte dos brasileiros dos males que podem ser causados pelos produtos finais do agronegócio. A prática da agroecologia por famílias de camponeses pode abastecer boa parte da população brasileira com produtos de qualidade. A luta é sobretudo política: o agronegócio conta hoje com 120 deputados federais, a chamada bancada ruralista barra qualquer tentativa de controle do uso dos agrotóxicos no campo. Por outro lado, 12 milhões de pessoas que trabalham na agricultura familiar contam com 12 deputados em sua defesa.   Leia texto sobre o filme Corporation que faz um raio-x do poder das multinacionais    

Cine Direitos Humanos exibe filmes sobre a ditadura militar

Durante seis semanas (de 15 de março a 19 de abril), a programação do projeto Cine Direitos Humanos será dedicada a filmes que abordam temas relacionados ao período da ditadura militar no país. O projeto é uma iniciativa da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo. Os filmes exibidos serão A Memória Que Me Contam, Caparaó, 15 Filhos, Ação Entre Amigos, Em Busca de Iara, Travessia e Batismo de Sangue. As sessões são gratuitas e  acontecem aos sábados, às 11 horas, no Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca. Veja a programação completa: – “A Memória Que Me Contam” (2013, 95 min, 14 anos), de Lúcia Murat – exibição em 15 de março. – “Caparaó” (2007, 77 min, livre), de Flavio Frederico – exibição em 22 de março. – “15 Filhos” (1996, 20 min, livre), de Maria Oliveira e Marta Nehring – exibição em 29 de março. – “Ação Entre Amigos” (1998, 76 min, 14 anos) de Beto Brant – exibição em 29 de março. – “Em Busca de Iara” (2013, 91 min, 12 anos)  de Mariana Pamplona – exbição em 5 de abril. – “Travessia” (2009, 79 min, livre) de João Batista de Andrade –  exibição em 12 de abril. – “Batismo de Sangue” (2007, 110 min, 14 anos) de Helvécio Ratton – exbição em 19 de abril. Serviço: Espaço Itaú de Cinema – Shopping Frei Caneca. Rua Frei Caneca, 569, Consolação. Tel.: (11) 3472-2368. Todos os sábados, às 11h. Entrada gratuita.

Prepare-se para o Lollapalooza 2014

A edição 2014 do Lollapalooza Brasil é, sem dúvida, a mais forte, e consolida o festival na programação de shows do país. O festival, que acontecerá nos dias 5 e 6 de abril, trocou o Jockey Club, que tem seus problemas, mas é um local de fácil acesso e relativamente central, pelo Autódromo de Interlagos. O novo local fica nos confins da zona sul, mas conta com trens da CPTM e bolsões de Estacionamento usados nas provas de F1. Apesar da geografia acidentada e o tamanho do Autódromo (600 mil m²), o novo espaço vai proporcionar melhor qualidade de som, com real isolamento entre os palcos, evitando problemas como encontrados no Planeta Terra e mesmo nas edições anteriores do Lolla. O Lollapalooza foi criado em 1991 pelo cantor Perry Farrell, nos Estados Unidos, que esteve recentemente em São Paulo, onde andou de trem com os jornalistas de um shopping na zona sul até ao Autódromo. Em 2010, ganhou edições no exterior e agora é realizado em São Paulo, Chile e Argentina. As edições brasileiras do evento, em 2012 e 2013, trouxeram ao Brasil bandas como Foo Fighters, Arctic Monkeys, Pearl Jam e The Killers. Confira a lista das atrações com links para os sites das bandas: Dia 1 (5 de abril) Palco principal 1 – Vespas Mandarinas , destaque atual do RockBr, sempre com grandes performances ao vivo. – Capital Cities, dupla Indie Pop californiana, deve fazer bom show para os modernos de plantão. – Julian Casablancas, no Brasil, Julian é semi-deus, e deve ser um dos shows mais procurados da noite. – Phoenix, os franceses talvez sejam uma das maiores bandas do planeta nesse momento, e seguramente farão o show mais interessante deste palco. – Muse, os ingleses descobriram o caminho do Brasil  e sempre fazem shows perfeitos que deliciam os adeptos fanáticos pelo trio.   Palco principal 2 – SILVA, o capixaba se destacou em 2012 com “A Visita” e “Moletom” e ”Amor para Depois”, para o Lolla, devem aparecer sons do segundo e ainda inédito álbum. – Cage The Elephant. – Imagine Dragons. – Nine Inch Nails.   Palco Alternativo – Red Oblivion. – Lucas Santtana. – Café Tacvba, – Portugal. The Man  – Nação Zumbi – Lorde – New Order   Palco Eletrônico – Elekfantz, Digitaria, Flume, Flux, Pavilion, Wolfgang Gartner – Kid Cudi.   Dia 2  (6 de abril) Palco principal 1 – Francisca Valenzuela. – Raimundos. – Ellie Goulding. – Pixies. – Arcade Fire.   Palco principal 2 – Illya Kuryaki & The Valderramas. – Johnny Marr. – Vampire Weekend . – Soundgarden. Palco Alternativo – Apanhador Só. – Brothers of Brazil. – Selvagens À Procura de Lei. – Savages, – AFI. – Jake Bugg. Palco Eletrônico – Ftampa, GABE, Baauer, Cone Crew Diretoria, Krewella, The Bloody Bedroots, e Axwell

Edukators: todo coração é uma célula revolucionária

Edukators – O filme alemão The Edukators, lançado em 2004, do diretor Hans Weingartner, já mostrava a insatisfação de parte da juventude europeia. A ideia dos três edukadores protagonistas do filme baseia-se em invadir mansões e modificar os móveis de lugar. Não roubam nada, mas criam a sensação de insegurança naqueles que se consideram inatingíveis. Em uma espécie de “rebeldia da nova arquitetura poética”, o protesto pacífico indicava a busca de novas formas de expressão em prol de mudanças no status quo vigente. Em uma das ações, os personagens principais retornam para buscar o celular de um deles e acabam sequestrando o empresário Hardenberg, que os flagra em sua casa de várias dezenas de metros quadrados. Além da política, uma história de paixão e profunda amizade também envolve o trio, embalada por uma bela trilha sonora. O ator Daniel Bruhl, que vinha de outra bela atuação em Adeus Lênin (2002), destaca-se como o cérebro do grupo, Jan. O título original em alemão, Die Fetten Jahre sind vorbei, que, em tradução livre, significa Os dias de fartura estão contados resume mais o espírito do filme do que o título em que o longa-metragem ficou conhecido. Essa é também a mensagem escrita nos bilhetes que o trio deixa na casa dos ricaços. Jan e Jule, personagens do filme, interpretados pelos atores Daniel Bruhl e Julia Jentsch, em uma cena de verdadeira epifania, escrevem na parede do apartamento em que vivem outra frase que resume a vibe do filme: Todo coração é um célula revolucionária. E como transformar zumbis em frente à novela ou ao BBB em células revolucionárias? Em uma das discussões dos edukadores com o empresário Hardenberg, que, segundo ele mesmo relata, foi idealista quando estudante (e agora precisa ser reeduKado), Jan afirma que uma hora a maioria iria cansar de assistir horas e horas de TV de lavagem cerebral pró-consumo. Jan (Daniel Bruhl) ainda completa que “uma hora os antidepressivos não vão mais funcionar”. Leia sobre o terrorismo poético de Hakim Bey  A prova de que Edukators virou um verdadeiro cult movie foi a montagem no ano passado de uma peça teatral no Rio de Janeiro. O diretor do filme, Weingartner, envolveu-se na produção e assistiu à pré-estreia. “O fato de o Brasil ser um país que sofre com uma enorme desigualdade social motivou Weingartner a se envolver com a nossa montagem”, declarou o diretor da peça João Fonseca ao portal da rede Deutsche Welle. Como não encontramos o filme com legendas na web, aí vai a fodástica música Hallelujah, parte da trilha sonora do filme. A canção composta por Leonard Cohen é interpretada por Jeff Buckley.     Sob o domínio das corporações

Sob o domínio das corporações

O documentário canadense The Corporation (2003) segue atualíssimo no momento em que as corporações acumulam cada vez mais poder. O ideário empresarial difundido pela propaganda domina os desejos humanos e se sobrepõe, inclusive, aos Estados Nacionais no início deste século. Realizado antes da crise global de 2008, A Corporação foi premonitório sobre a falta de controle do Estado sobre o mercado. No filme, assistimos à radiografia das corporações como ‘seres’ autônomos, que funcionam de acordo com um conjunto específico e determinado de regras. Veja o filme na íntegra. Você pode colaborar com a equipe que realizou a produção no site. Mais de 200 pessoas participaram na realização do filme e do site durante 8 anos. Os diretores Jennifer Abbott e Mark Achbar basearam-se no livro The corporation – the pathological pursuit of profit and power, de Joel Bakan, que também assina o roteiro do filme, para realizar a empreitada. The Corporation surgiu no clima dos movimentos antiglobalização dos primeiros anos da década 00 como Surplus (abordado neste texto aqui no Zonacurva) O escritor Noam Chomsky (entrevistado no filme), em seu livro Segredos, mentiras e democracia (Editora Universidade de Brasília) define com exatidão o espírito do filme:  “As grandes empresas são grandes conglomerados institucionais de caráter essencialmente totalitário. No seu interior, cada funcionário é apenas uma peça de uma grande máquina. Na sociedade humana, poucas instituições têm uma hierarquia tão estrita, e um controle tão autoritário”. Documentário Surplus investiga o consumismo

20 anos sem Fellini

    Fellini contava sempre a história de sua fuga com o circo quando criança. Isso nunca aconteceu. ‘O mundo Fellini’, paralelo e particular, perdeu seu criador há 20 anos. Em 31 de outubro de 1993, em Roma, morria Federico Fellini, aos 73 anos. A Mostra Internacional de Cinema de São Paulo termina hoje com a exibição em três salas do mezzo documentário, mezzo ficção Que Estranho Chamar-se Federico, do diretor Ettore Scola. Segundo o narrador do filme, “Fellini foi o maior Pinóquio do cinema italiano”. Scola pode, os dois foram amigos e deram os primeiros passos lado a lado. Veja o trailer do filme de Scola: Diretor de clássicos como Amarcord (1973) e A Doce Vida (1960) e considerado por muitos o maior diretor italiano, Fellini criou uma entidade estilística única e isso é privilégio de poucos e bons. No prefácio do livro Fellini Visionário (Companhia das Letras, 1994), o crítico Carlos Augusto Calil escreve sobre o universo do diretor: ” as principais características desse fellinismo, nutrido pelo próprio Fellini são a recusa da aparência, do racionalismo — pilares da boa ordem burguesa, distanciamento progressivo da literatura e do naturalismo, abertura para a emergência do irracional (fabuloso ou sonhado), nostalgia da pureza perdida …”

A resistência de jornalistas na ditadura

O curta-documentário Imprensa Paulista na Ditadura (1964-1985) dá voz a algumas figuras do jornalismo paulista, como Raimundo Rodrigues Pereira e Bernardo Kucinski, que sofreram nas redações os anos de chumbo da Ditadura Militar. Produzido pelos alunos do curso de comunicação da FITO (Faculdade Instituto Tecnológico de Osasco), o vídeo demonstra o interesse de jovens estudantes na história de resistência de abnegados jornalistas contra o arbítrio e censura do regime de exceção. O esforço dos estudantes nos faz ignorar a locução amadora do vídeo. Entrevistado pelos estudantes, o professor da ECA-USP Bernardo Kucinski é autor de profundo estudo sobre a imprensa alternativa na época. No livro Jornalistas e Revolucionários, Kucinski escreve: “a imprensa alternativa surgiu da articulação de duas forças igualmente compulsivas: o desejo das esquerdas de protagonizar as transformações institucionais que propunham e a busca, por jornalistas e intelectuais, de espaços alternativos à grande imprensa e à universidade. É na dupla oposição ao sistema representado pelo regime militar e às limitações à produção intelectual-jornalística sob o autoritarismo, que se encontra o nexo dessa articulação entre jornalistas, intelectuais e ativistas políticos”.   O apoio da grande mídia ao golpe de 64

Curtas na curva – FLIP

Rock e Carandiru Em texto sobre a Feira Literária de Paraty no ano passado, o jornalista Sérgio Augusto escreveu que “toda vez que um convidado da Flip começa a ler um livro para a plateia, ali pelo segundo ou terceiro parágrafo minha mente começa a divagar e entra em alfa”. Por isso que a ideia de entrelaçar histórias curtas e vividas por Fernando Bonassi com músicas de Edgard Scandurra (Ira!) foi grande ideia. No Sesc Paraty, Bonassi (que lança seu novo livro Montanha russa pela Editora Cosac Naify) contou sobre sua vida de metalúrgico no ABC, suas visitas ao Carandiru na companhia de Dráuzio Varella, embate com pedagoga quando roteirista do Castelo Rá-Tim-Bum na TV Cultura e mais. Scandurra tocou sua guitarra e cantou, entre muitas, Núcleo Base, Nasci em 62. Bourbon em Paraty A exposição 20 anos de Bourbon Street na Galeria Zoom reúne figuras como Diane Schur, Joss Stone, Raul de Souza, Omara Portuondo. Imperdível! O dono da galeria e organizador da Paraty em Foco , Giancarlo Mecarelli, explicou que a exposição só está rolando ainda porque o contrato com outro fotógrafo que retratou o sertão nordestino (link com Graciliano Ramos, homenageado desse ano na Flip) não virou. Então, aproveite os últimos dias para ver músicos geniais em belas fotos p&b na faixa.   Serviço: A Galeria Zoom em Paraty fica na rua do Comércio, 5, Paraty.