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O fascista mora ao lado

COLABOROU ISABELA GAMA   A LIVE POLÍTICA ZONACURVA do último dia 10 de fevereiro (quinta) contou com a presença do editor Zonacurva Fernando do Valle, Luís Lopes do Portal VISHOW e o advogado Roberto Lamari. O debate foi acerca dos recentes acontecimentos envolvendo falas fascistas e neonazistas. No último dia 7 de fevereiro, o apresentador Bruno Aiub, conhecido como Monark, defendeu a criação de um partido nazista no Brasil durante o Flow Podcast. Presente no programa, o deputado federal Kim Kataguiri fez coro e criticou a criminalização do partido na Alemanha. Lamari relembra durante a live que, não é de hoje, que o apresentador Monark mostra sua ignorância nesse podcast muito popular entre os jovens, o irresponsável já defendeu o “direito de ser racista”. Para ele, parece que ser racista e agora nazista são garantidos por um conceito equivocado de “liberdade de expressão”. Insano. Um dia após o caso de Monark, Adrilles Jorge, até então comentarista da Jovem Pan News, defendeu as falas do podcaster e se despediu de seu programa com uma saudação nazista. Para Lamari, a fala de Kim e Monark se assemelham a tantas outras da internet, sem fundamento ou análise. Para Luis Lopes, atos como esses funcionam como um chamado para quem concorda com os regimes da extrema direita, dando visibilidade a eles. Fernando expõe que atualmente existem 530 grupos neonazistas no Brasil, e relembra que ainda em 2004, antes mesmo de Bolsonaro ser cogitado como candidato a presidente, manifestações desses grupos já faziam menções ao então deputado. Além disso, é importante ressaltar que David Duke, ex-líder do grupo supremacista norte-americano Ku Klux Klan, já elogiou Bolsonaro e afirmou que o presidente “soa como nós”. Apesar da fala de Monark abrir brechas para que haja novos discursos como o dele, Fernando alerta que o maior perigo para o Brasil são os nazistas que se encontram no poder atualmente. É necessário relembrar que membros do governo como o ex-secretário de Cultura Roberto Alvim e o assessor da presidência da república Filipe Martins agiram como nazista (o primeiro) e supremacista (o segundo). Além disso, o próprio presidente Jair Bolsonaro recebeu a deputada alemã Beatrix von Storch, neta de Lutz Graf Schwerin von Krosigk, ministro de finanças de Adolf Hitler., e uma das principais expoentes do partido nacionalista-conservador Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão). https://urutaurpg.com.br/siteluis/nazi-fascismo-no-brasil/ https://urutaurpg.com.br/siteluis/monark-o-radical-da-praca-de-alimentacao/ 5 perguntas sobre o conflito Rússia x Ucrânia  

Brizola, 100 anos

Brizola – De tudo o que se fala sobre Brizola pouco se diz de sua práxis anticapitalista, anticolonial e nacionalista. Esse ano, ao celebrar os  100 anos de seu nascimento, as lembranças, na mídia comercial, ficaram na superfície, sem apontar suas ações decisivas no sentido de garantir a soberania do povo brasileiro. Aqui reunimos algumas ações de Leonel Brizola antes do golpe de 1964 para que as novas gerações conheçam um pouco melhor esse homem extraordinário. Leonel conheceu a realidade do trabalhador bem cedo, quando, com 10 anos de idade foi morar sozinho na cidade de Carazinho, vivendo no sótão de um hotel no qual lavava pratos e também carregava malas até a estação. Depois, com 12 anos, já em Porto Alegre, onde foi estudar, se virou sozinho como engraxate e ascensorista. Formou-se como técnico rural e sempre conseguiu aliar muito bem o estudo com a sobrevivência. Nunca teve nada de mão-beijada e sabia o quanto era difícil para um trabalhador superar os obstáculos da vida. Tanto que só conseguiu estudar por conta da ajuda de uma família metodista que lhe garantiu uma bolsa de estudo numa escola da igreja. No ensino médio já era um líder estudantil e foi um dos fundadores do Grêmio do Colégio Júlio de Castilhos. Saiu do ensino médio direto para a Faculdade de Engenharia, e trocou a luta estudantil pela militância no partido político, o PTB. Ele queria mudar a vida de todos. Foi assim que ele se meteu na vida política e, em 1947, já elegeu-se deputado estadual, defendendo as pautas estudantis e melhorias na educação básica. Começava aí a sua saga e quase obsessão com a educação pública. Ele sabia bem o quanto era difícil para um filho da classe trabalhadora estudar, tendo de depender de caridade, e queria que fosse o Estado o responsável pelo ensino. Isso marcaria sua vida para sempre. Em 1952, quando Secretário de Obras Públicas do Rio Grande do Sul, ele colocou para andar o Primeiro Plano de Obras do estado, com obras de infraestrutura, principalmente de saneamento básico e rodovias. Em 1956, quando começou seu mandato de prefeito de Porto Alegre, deu início a concretização de sua promessa de campanha que era “nenhuma criança sem escola”, aumentando significativamente as vagas na rede municipal e a inclusão dos dois turnos, permitindo assim que as crianças ficassem mais tempo na escola e os pais pudessem trabalhar com tranquilidade. Também deu sequência às obras de saneamento porque considerava que educação e saúde eram coisas fundamentais para a população. Em 19598, na sua campanha para governador, apresentou um programa de governo no qual defendia priorizar as escolas, habitação, energia elétrica e preços justos aos produtores. Eleito, criou seis secretarias: Administração, Trabalho e Habitação, Economia, Transportes, Energia e Comunicações e Saúde. Toda sexta-feira à noite, na Rádio Farroupilha, ele prestava contas de seu governo, falando com a população e sua voz marcada ecoava por toda a pampa. Em 1961, Brizola organizou os gaúchos e, com o povo armado, criou a Campanha da Legalidade para garantir que João Goulart assumisse a presidência da República depois da renúncia de Jânio Quadros. Organizando uma cadeia de rádios, ele comandou uma resistência nacional contra o golpe. Entregou o comando da Brigada Militar ao comando do Exército regional, organizou comitês paramilitares de resistência e distribuiu armas aos civis. Desde o Rio Grande ele defenderia a legalidade. Vencida a batalha nacional com a posse de Jango, Brizola seguiu seu trabalho no Rio Grande do Sul criando um plano para industrializar o estado e um programa de serviços públicos. Nacionalizou empresas estadunidenses que lucravam com os gaúchos e levantou a ira do então presidente dos EUA, John Kennedy. Sem ligar para os achaques ianques, ele mandou embora a Bond and Share, que monopolizava a energia elétrica na região metropolitana e criou a Companhia de Energia Elétrica Riograndense, a CEEE, empresa mista de capital nacional que existe até hoje. Fez o mesmo com a International Telephone and Telegraph, que dominava a telefonia, e criou a Companhia Riograndense de Comunicações, a CRT. Seu nacionalismo não era de discursos, era de ação. Exatamente como fez quando era prefeito, Brizola aumentou o número de vagas públicas na educação riograndense e durante seu mandato criou quase sete mil novas escolas, conhecidas à época como “brizoletas”, por conta de sua arquitetura simples, tipo uma casa familiar. Com isso abriu quase 700 mil novas vagas, tendo o Rio Grande a maior taxa de escolarização do país. Ainda como governador, Brizola criou um programa de reforma agrária, o primeiro no país, e criou o Instituto Gaúcho de Reforma Agrária que garantia assistência técnica e ainda atuava em parceria com o Movimento dos Agricultores Sem-Terra, o Master, que organizava acampamentos de sem-terra no estado na luta por um chão para produzir. Essa luta garantiu assentamento a centenas de famílias e até uma fazenda do próprio governador foi desapropriada para a reforma agrária. A caminhada que fazia no Rio Grande era uma preparação para o governo federal. Ele queria chegar à presidência e fazer no país tudo o que já havia começado no sul: todo apoio à educação, à reforma agrária e à nacionalização das empresas estrangeiras. Brizola queria um país industrializado e caminhando com as próprias pernas. Foi barrado pelo golpe de 1964. Brizola: “julgamento de Lula foi um teatro” Como Brizola adiou o golpe militar após a renúncia de Jânio Quadros

Há um século, o modernismo atropelou o conservadorismo e abriu as portas ao progresso

Semana de Arte Moderna – O modernismo europeu antecedera em mais de uma década o nosso pensar moderno. Na verdade, o princípio do século XX coincidira com o colapso da cultura europeia tradicional. Tal qual nos dias sombrios em que vivemos, a palavra também parecia desraigada da verdade, as imagens perdiam sua coerência e os símbolos sua transcendência. O modernismo europeu, entretanto, havia criado para si próprio a negação e o questionamento permanente, substituindo-se o que já fora um dia trocado por algo sempre mais novo e surpreendente. De tal forma que aquilo que se denominou de “o tempo moderno” tinha uma mola mestra central: as formas “tradicionais” das artes, a organização social e a vida cotidiana haviam se tornadas ultrapassadas! Logo, o reexame de cada aspecto da existência humana se tornou um desafio permanente e o encontro das “marcas antigas” para substituí-las por novas formas assinalavam o caminho para o progresso. Na perspectiva europeia do princípio do século, o modernismo significava por um lado, desencanto e desestruturação do homem, por outro, a necessidade de sua reestruturação espiritual. O moderno chega ao Brasil com o atraso de quase duas décadas. Aqui ele expressa tanto um projeto estético de renovação e ruptura com a linguagem tradicional, como aporta certa visão benevolente de uma natureza divinamente revestida e repleta de nossas diversidades regionais, o que redundava numa perspectiva ufanista de um Brasil idealizado pela intelectualidade urbana. Enquanto a Europa, já ultrapassada sua primeira fase modernista, chafurdava na Primeira Grande Guerra com milhões de mortos, fome e destruição, o Brasil e, principalmente São Paulo, atravessavam uma enorme transformação socioeconômica resultante da industrialização acelerada. E a chegada massiva de imigrantes aportava vivências e exigências de um mundo diferente do paternalismo, do coronelismo de compadrio, do escravagismo e de seus preconceitos, tão entranhados em nossa cultura. O modernismo aqui, portanto, estará inscrito num longo processo histórico e social, que extravasa largamente os limites do estético. Interessantíssimo, dizia Mario de Andrade, que ao chegar por nossas terras o movimento modernista não encontrará apoio algum junto aos capitães da indústria. Será uma pequena fração de refinada burguesia de base rural, mais culta e com forte influência francesa, que estimulará tanto político quanto financeiramente os jovens artistas da primeira geração modernista, cujo marco inicial será a Semana de Arte Moderna. A Semana de Arte Moderna de 1922 “Era uma vez um homem chamado Jacinto Silva que, em 1921, tinha uma livraria na Rua 15 de Novembro, em São Paulo, a casa Editora ‘O Livro’. Todas as tardes lá se reuniam um poeta, um romancista e um pintor. Guilherme de Almeida, Oswald de Andrade e Di Cavalcanti”. Uma tarde o poeta leu na sala aos fundos da livraria, seu livro daquele ano. Depois outros autores leram outros livros e mais e mais gente foi chegando. Pintores e escultores, inclusive Brecheret, fizeram exposições. Músicos tocaram. Foi quando nasceu a ideia de se fazer, nesse mesmo lugar, uma grande exposição de arte moderna, ilustrada com concertos de música e recitativos de poesias modernas. Tudo moderno, para valer! ” (Carminha de Almeida, 1939). Di Cavalcanti em “Viagens da minha vida” sustentou que ele sugerira a Paulo Prado, o mecenas filho da riquíssima aristocracia cafeeira de São Paulo, “nossa semana, que seria uma semana de escândalos literários e artísticos, de meter os estribos na barriga da burguesiazinha paulistana”. Paulo Prado e, posteriormente, Graça Aranha não somente apoiaram, mas alargaram a ideia, este último achando preferível realizá-la em São Paulo do que no Rio, sobretudo porque “na Paulicéia tem um grupo forte de modernistas, não só escritores, mas poetas e artistas plásticos. ”Referindo-se à Academia Brasileira de Letras, da qual era o Presidente, e aos acadêmicos”, disse Graça Aranha: “É preciso reformar tudo aquilo, dar vida àquele cemitério. Vocês são moços, são estudantes, agitem a escola. Façam alguma coisa de novo, façam loucuras. Mas procurem espanar os reacionários com aquelas teias de aranha.” E, de repente, a sala de leituras da pequena editora foi, surpreendentemente, substituída pelo Teatro Municipal. René Thiollier, um dos modernistas foi ao Palácio dos Campos Elíseos para falar diretamente com Washington Luís, que imediatamente cedeu o belíssimo teatro ao evento. Formou-se também um comitê com o apoio do escol financeiro e mundano de São Paulo, formado por Alfredo Pujol, Armando Penteado, René Thiollier e Antônio Prado Junior; outros ainda começaram a coleta de dinheiro para a realização do evento, principiando pelos sócios do seleto Automóvel Club. Quer nos boca a bocas, nos murais, nos panfletos ou na imprensa, a propaganda da Semana de Arte Moderna foi feita com um enorme estardalhaço. O “Correio Paulistano”, sob o comando de Menotti del Picchia, acolhe os “avanguardistas” e foi o jornal que melhor cobertura deu ao evento. Já o conservador “O Estado de S. Paulo” publicou a seguinte nota em janeiro: “As colunas da secção livre estão à disposição de todos aqueles que, atacando a Semana de Arte Moderna, defendam o nosso patrimônio artístico”. Entretanto, dobrando-se à enorme tempestade desencadeada, no dia 3 de fevereiro curvou-se e publicou a programação dedicada aos dias 13, 15 e 17: No primeiro dia, “Pintura e Escultura”; no segundo, “Literatura e Poesia” e no terceiro, “Festival da Música”. E A SEMANA aconteceu durante aqueles dias de fevereiro de 1922, tempo de chuvas tormentosas em São Paulo, o que não impediu que multidões disputassem cada canto do Teatro Municipal na “Semana de Arte Moderna de 22”. Quadros, esculturas, desenhos pelos saguões e corredores; conferências, declamações, concertos, danças no palco. Ivone Daumier realizando dança moderna vestida de borboleta; Guiomar Novaes esquecendo em casa Chopin e tocando magistralmente Villa Lobos, Blanchet e Debussy… Para uma assistência animada, que tanto aplaudia quanto vaiava sem parar. Nada do vetusto teatro lembrava aquele momento histórico! Mário de Andrade, Graça Aranha, Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade, Afonso Schmidt, Plínio Salgado, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Villa Lobos, Sérgio Millier, John Grass, Zina Aita, Brecheret, todos agradeciam as palmas e as vaias com sorrisos de prazer. Ronald de Carvalho e Renato de Almeida protestavam

#Ocupapolítica: por mais mulheres na política

#Ocupapolítica – Apesar da luta por equidade de gênero na política, as eleições de 2018 revelaram que o país ainda está distante de chegar a um patamar satisfatório. Na Câmara dos Deputados, por exemplo, apenas 15% dos eleitos são mulheres. Essa discrepância corresponde à implementação tardia de políticas públicas que promovem maior integração feminina. Em entrevista ao Zona Curva, a deputada estadual Monica Seixas (PSOL) explicou como a hegemonia reacionária atua na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. “Esses deputados geralmente se aglutinam porque têm um interesse em comum, que é manter as coisas como estão, ou seja, impedir o progresso das mulheres e da comunidade LGBTQIA+, que provocam mais avanços no processo político”. Seixas destacou a importância da resistência na casa legislativa ao reacionarismo, formado por três segmentos (coronelismo, fundamentalismo religioso e bolsonarismo). “Sou fruto da onda feminista. O levante de negros também tem trazido para o parlamento novos perfis de parlamentares e, por consequência, um perfil de legislatura com proposições novas”, completou a deputada. De acordo com dados do IPU (Inter-Parliamentary Union), o Brasil é um mau exemplo de representatividade feminina no Parlamento. Enquanto o país tem média 14,1% de presença feminina nas Câmaras, o continente europeu possui 29,8%. Essa desigualdade reflete a cultura misógina na política brasileira, que persiste mesmo após a implementação da legislação que reserva parte das candidaturas políticas às mulheres. A Lei n° 9.100/1995, que engloba o direito de cotas a mulheres nas listas de candidaturas de partidos e coligações, foi proposta pela então deputada Marta Suplicy (PT/SP), influenciada por iniciativa argentina de 1991. A decisão de 1995, que inicialmente previa 20% das vagas a vereadores, destinada às mulheres, evoluiu para 30% nas eleições seguintes. No entanto, o estudo “Democracia Inacabada: Um Retrato das Desigualdades Brasileiras”, divulgado recentemente pela Oxfam Brasil, mostrou que, apesar do machismo estrutural no país, há evolução. Em 2010, a quantidade de mulheres candidatas a deputadas chegou a mais de 22%, maior índice da história. Ainda assim, segundo o estudo, na atualização de ⅔ das cadeiras do Senado Federal, 2018 teve o número mais baixo de cadeiras ocupadas por mulheres desde 1998: sete, das 54 disponíveis. Hoje, a ocupação feminina está em 12,34% do total de 81 assentos. Vale lembrar que, apesar do mandato ser de 8 anos, a renovação das cadeiras acontece a cada 4, variando entre ⅓ e ⅔. Apesar das cotas femininas existirem, elas correspondem à reserva das candidaturas, não das cadeiras legislativas. Isso não seria um problema se as disputas nas eleições recebessem o mesmo investimento tanto para homens como para mulheres. Ainda de acordo com o relatório da Oxfam, o poder econômico está diretamente relacionado à garantia de maior poder político. Nesse sentido, as doações a campanhas têm forte potencial para estabelecer maior visibilidade e poder a candidatos e partidos, aumentando sua chance de vitória na eleição. Com informações da IPU e OXFAM. Igualdade na política pode levar mais de um século

A escravidão brasileira na Holanda e em Pernambuco

Escravidão brasileira – Para a nossa própria história e do Nordeste do açúcar, em especial, para o que em Gilberto é prosa encantatória, a realidade de escravos assassinados, enquanto a rotina do engenho seguia. Tudo isso é tão Brasil, amigos. Artigo na Folha de São Paulo informa que o Brasil sustentou luxo de escravocratas holandeses, cujos retratos são mostrados em exposição na Holanda. De modo mais específico, aparecem retratos do casal de senhores de escravos no Recife, Marten Soolmans e Oopjen Coppit, pintados por Rembrandt. Mais adiante, continua o texto: “Com a exposição, o museu faz um movimento no sentido de restaurar a verdade histórica. Como diz Tacco Dibbits, diretor-geral do museu, ‘a escravatura não é um conceito abstrato. Durante mais de 250 anos, foi parte integral de nossa história, que tem de ser estudada e aprofundada, se quisermos ter uma imagem mais completa de nosso passado e uma melhor compreensão da sociedade de hoje”.” Isso na Holanda! E o que dizer do Brasil? Por favor, não tirem as crianças da sala, porque elas precisam aprender. Para a nossa própria história e do Nordeste do açúcar, em especial, para o que não se destaca em Gilberto Freyre, para o que em Gilberto é prosa encantatória, a realidade de escravos assassinados, enquanto a rotina do engenho seguia. Tudo isso é tão Brasil, amigos. Hoje mesmo, aqui na minha cidade, em qualquer cidade brasileira, jovens são amarrados em postes, numa recuperação dos velhos pelourinhos. Os novos escravos são espancados, enquanto comunicadores na televisão aprovam e ganham dinheiro e fama por açular a massa para o linchamento de marginais. E como é Brasil, até hoje há tortura de presos nas delegacias de polícia, nos presídios, como se fossem escravizados sob o chicote. É ilustrativa a sobrevivência física e até o elogio, no governo Bolsonaro, a torturadores da ditadura brasileira. Se fosse representada ao nível do real, do histórico, a tortura dos costumes brasileiros daria vômitos pela agonia da dor, ainda que apenas representada. Isso porque a realidade é ainda mais cruel que o imaginado em representações. Os corações mais delicados, e hipócritas por extensão, se recusam a ver que os negros escravos, quando se rebelavam, eram passados em moendas de cana, que expulsavam suas vísceras como bagaço. Outros após o chicote, antes da morte, tinham as feridas abertas lambidas por bois. E aqui não preciso falar o quanto é áspera, cruel e ferina a língua de um boi. Poupemos os corações mais delicados. Mas, de passagem, menciono que, na escravidão brasileira, negros eram ferrados no corpo como os quadrúpedes na fazenda. Eles não tinham a marca do dono por uma medalhinha, como aparece no escravo Salomon do filme “12 anos de escravidão”. Mais de uma vez, pude notar um dos sintomas da barbárie nacional, quando vi que os melhores relatos vivos sobre escravidão brasileira vêm de estrangeiros, como os descritos em Charles Darwin e Vauthier, o engenheiro francês que viveu no Recife. Ou de Maria Graham, a digna escritora que visitou Pernambuco em 1821. Cito as palavras da inglesa: “Os cães já haviam começado uma tarefa abominável. Eu vi um que arrastava o braço de um negro de sob algumas polegadas de areia, que o senhor havia feito atirar sobre os seus restos. É nesta praia que a medida dos insultos dispensados aos pobres negros atinge o máximo. Quando um negro morre, seus companheiros colocam-no numa tábua, carregam-no para a praia onde, abaixo do nível da maré-cheia, espalham um pouco de areia sobre ele”. Mas na perigosa escrita de Gilberto Freyre o mesmo quadro se conta assim: “Foi numa praia perto de Olinda que Maria Graham, voltando a cavalo da velha cidade para o Recife, viu um cachorro profanando o corpo de um negro mal enterrado pelo dono. Isto, em 1821. Olinda pareceu à inglesa extremamente bela vista do istmo e da praia pela qual, indo do Recife, chegou até ao pé dos montes da primeira capital pernambucana”. Vocês viram: o horror ocupa uma só linha em Gilberto Freyre, perdida na bela vista de Olinda. Quem quiser, confira, essa ocultação do real está em sua “Olinda, Guia Prático, Histórico e Sentimental de uma Cidade”. De Vauthier cito: “Madame Sarmento nos contou que como sua negrinha lhe tinha roubado seis vinténs, ela amarrou-lhe as mãos e deu-lhe umas boas chicotadas!!! Levantando- lhe a roupa!!! Sem nenhum constrangimento!!! Diante dos filhos!!! O mais velho deles observou que o posterior da negrinha não era mais bonito do que o de um cavalo, quando levanta a cauda. Qualquer pessoa poderia chegar a praticar coisas semelhantes num momento de excitação e envergonhar-se delas depois, mas contá-las. Que mulher! Que alma!… Hoje o cadáver de um negro ficou boiando na praia, debaixo das nossas janelas, levado e trazido pelas oscilações das marés. Mil pessoas passaram, viam-no, pararam um instante antes de seguirem caminho muito filosoficamente. Aprecio pouco as ideias geralmente admitidas sobre cadáveres que tendem em alguns casos a conceder mais cuidados aos despojos sem alma do que ao ser quando está vivo – mas este descaso, essa indiferença geral perante a morte – é verdade que era um negro! Um negro vivo já é pouca coisa: o que será então um negro morto? Essa incúria generalizada com as exalações que emanam de um cadáver, tudo isso caracteriza de modo bem saliente esta barbárie, engastada na selvageria e mal maquilada em civilização”. No Brasil, até hoje vale o que narrei em um personagem, retirado da minha memória: muitas vezes, a descendência de pessoas negras se dá pela mãe. Isso quer dizer: o pai não passa de um elemento fecundador, essa palavra suave, pouco afeita a modos nada corteses. Melhor à maneira mais crua: o pai não passa de um fodedor. É como uma tradição, emprenhar a negra e sumir. Foder a negra, foder muitas vezes a negra, mas, diabo, parece obra do diabo, o bucho da negra cresce. Mais tarde, filhos assim rejeitam esse passado coletivo. Apesar de se moverem em uma sociedade de classes e de preconceito

“Vai trabalhar, vagabundo!”

I. O Malandro.  Nos compêndios de economia política, numa sociedade onde o modo de produção capitalista é hegemônico, existem duas classes, dois importantes agentes de produção antagônicos: o capital (que detém os meios de produção) e o trabalho (força laboral dos trabalhadores). Com a intensificação da industrialização nos anos 1930, uma grande massa de trabalhadores migra do campo para a cidade nas áreas urbano-industriais, onde o populismo estatal é incapaz de incorporar ao sistema produtivo toda a população urbana em idade de trabalho. É nesse contexto de aclimatação capitalista que surge o jeitinho, o quebra-galho, o pistolão, a panelinha, a malandragem como instituições, formas de burlar o universalismo contido na ideologia burguesa, em oposição à identidade nacional de cada indivíduo. No ensaio clássico “Dialética da Malandragem”, o mestre Antônio Cândido, ao analisar o romance “Memórias de um Sargento de Milícias”, desvincula a malandragem (traço de caráter da cultura brasileira) da organização econômico-social, demarcando a obra entre a correspondência dualista da malandragem literariamente figurada no romance e o comportamento malandro existente na realidade, flutuando entre as vagas da ordem (lícito) e desordem (ilícito). II. O Ócio.  Longe desse conceito romântico/econômico é que se apresenta o chamado “Malandro Oficial” ou com patente de oficialidade tão comum na atual horda militar palaciana, bem distinto da maioria da população obrigada a batalhar, a ingressar nos meios de produção e sobreviver à custa do suor do seu trabalho e exigências laborais codificadas. O atual presidente da República, apenas dá continuidade à sua idolatria ao ócio iniciada desde a tenra infância de passarinhagem e estilingue, passando pela indolência nas escolas militares e prosseguindo na preguiça aquartelada, talkey? Afinal de contas, que trabalhador conseguiria se aposentar com 33 anos de idade, com um salário respeitável de capitão após onze anos de aquartelamento “il doce far niente”? Como sabemos o gaudério transformado em presidente, conclui o curso de formação na AMAM em 1977, e em 1988 já estava transferido para reserva remunerada, fora dos quartéis, para assumir o posto de vereador do Rio de Janeiro, após abertura de processo militar, acusado de planejar a explosão de bombas em instalações militares. O espantoso é que anos mais tarde o pianíssimo Bolsonaro, costumeiro de tantas bravatices, tenha negado tudo ao então ministro do Exército, Leônidas Pires, o general a que acusara de frouxidão e de tratar os militares como se “vagabundos” fossem (sic). III. A Pavulagem.  Esticada a sua larga rede em consecutivos mandatos parlamentares, a sua malha de incursões pelos meandros do submundo do peculato e concussão das rachadinhas, compra suspeita de imóveis, uso indevido de verbas de gabinete para viagens pessoais e cartão corporativo (R$ 5,8 milhões gastos somente neste ano), além dos indícios do íntimo envolvimento com a milícia do Rio de Janeiro. Os consecutivos mandatos de 1989 a 2019 (2 como Vereador e 7 como Deputado Federal), apenas reforçam a sua notória inação laboral, a fleuma ladina, com apenas um único projeto transformado em lei, em 1996, prorrogando benefícios fiscais para o setor de informática e automação, um mísero projeto após 30 anos de desfrute e gazetagem. No brilhante trabalho acadêmico “Malandragem e Ordem Social (Um estudo da Autoridade  Malandra através do Samba e da Literatura)”, tese de doutoramento de Rosenberg Fernando de Oliveira Frazão, o espaço de atuação do malandro está sempre envolto numa atmosfera de crise. É um ser completamente avesso a qualquer regra, pessoa ou instituição capaz de tolher ou ameaçar a sua liberdade, da qual não abre mão sobre nenhuma circunstância. IV. A Farra da Mamata.  É a expertise presidencial, a sua aversão ao trabalho que se insurge a vagabundagem aliada às regalias, o pedigree caviloso onde “a lei é feita para os inimigos e o trabalho para o otário”, resume o jargão exultante da “lei da vantagem” pelo mínimo esforço. Além dos cochilos em plenário, foi o deputado que mais gastou com correio nos seus últimos três mandatos, com custo aos (nossos) cofres públicos de R$ 870 mil. Mais recentemente, sua ex-esposa Ana Cristina Siqueira Valle voltou ao noticiário político-policial após a suposta compra de uma mansão em Brasília. Muito antes, Ana Cristina já inaugurava a conhecida fruticultura legislativa, a prática de “laranjas” em comissionados em gabinetes, alcançando uma evolução patrimonial incompatível com sua renda: somente entre 1997 e 2007, tempo em que ficou casada com presidente Bolsonaro, adquiriu 14 imóveis (casas, apartamentos e terrenos), avaliados em R$ 5,3 milhões em valores corrigidos. Segundo sites de acompanhamento legislativo, desde 1989, o então presidente Bolsonaro e sua casta de filhos – Flávio, Carlos e Eduardo – nomearam 286 pessoas em seus gabinetes, dentre elas, 102 familiares ou pessoas com algum vínculo de parentesco, compondo 32 diferentes famílias, na sua imensa maioria indivíduos que sequer compareciam ao trabalham, mas que mensalmente recebiam ou partilhavam os seus salários com o clã legislativo do citrosuco da mamata. V. O Madraço.  A vadiagem de covil, indolência, a sorna do seu “espírito” militar certamente representa a marca mais evidente da militarização da administração pública, onde mais de 6 mil agentes das Forças Armadas ocupam cargos e acumulam privilégios, espalhados por toda estrutura administrativa do Estado. Em meio aos inúmeros escândalos e denuncias de tráfico de influência, negociatas e propinas na compra de vacinas no Ministério da Saúde, mais de 1.300 militares, entre eles coronéis e o ex-ministro Eduardo Pazuello, estão envolvidos diretamente na catastrófica política de combate à pandemia da Covid-19 e no esquema criminoso de corrupção, conforme apurado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado. Paradoxalmente, enquanto buscou recentemente, através da MP 1045, aumentar a jornada de trabalho e o corte do descanso dos trabalhadores em mineração, o despresidente Bolsonaro insiste na vadiagem, pois, alegando um suposto cansaço físico e mental, não trabalha. Enquanto mais de 583 mil brasileiros foram mortos pela inércia da política de combate à Covid-19, a atividade presidencial limitou-se a “despachar” no “curralzinho” do Palácio da Alvorada por 40 minutos com correligionários igualmente desocupados, a manifestar-se pelas redes de Twitter e selfies e a bater pernas país afora, participando de motociatas, montarias de jumentos, criando pautas absurdas, no seu andejo aviltante da preguiça. No último

Brasil: segue o “bonde” da destruição

7 de setembro – O presidente do país segue governando na lógica do factoide, imitando seu ídolo Donald Trump. Parece não ter se dado conta do que aconteceu lá na matriz que tanto ama. A tática do factoide não deu certo. Trump foi derrotado fragorosamente. Por aqui, os marqueteiros do presidente continuam incentivando a mesma toada que, ao que parece, só serve mesmo para animar a sua plateia cativa. Foi o que se viu. As chamadas “lideranças” dos atos que visavam invadir o STF e cortar a cabeça do ministro Alexandre Moraes foram presas, responderão na justiça, e provavelmente serão abandonadas para que se virem como possam. Milhares foram para Brasília armados da esperança de que os comunistas finalmente seriam eliminados – física e politicamente. Eram de impressionar os áudios e vídeos, que circulavam pela rede bolsonarista, sobre estocar comida, remédio, água e trancar as janelas porque a coisa seria estrondosa. Não foi. O que se viu foi um discurso pífio, tentando reanimar a claque para outro “amanhã”. O golpe seria adiado e fora só um susto no ministro, o qual não será mais obedecido “sob hipótese alguma”. Os seguidores mais renitentes voltaram para casa ainda sob o efeito da catarse, prontos para a nova investida que virá quando o presidente chamar. Outros voltaram desiludidos. Esperavam o apocalipse, ainda que no momento em que a polícia atuou, muito gentilmente, aliás, queriam que gravassem vídeos desesperados em meio à correria, gritando que era um absurdo a polícia tentar impedi-los de chegar ao STF. Estranha gente que pede ditadura e sequer entende o que isso possa significar. O Brasil esperou o desenrolar dos fatos. Uns com medo, outros comendo pipoca em frente à televisão e uma grande parte em luta, nos atos de protesto contra a carestia da vida e a falta de um governo para enfrentar os grandes dramas nacionais como a fome e as crises hídrica e energética. As redes de televisão deram visibilidade para as manifestações dos dois lados e foi possível avaliar com bastante informação as duas frentes de batalha. Os atos pró-governo foram grandes em São Paulo e Brasília, mas também deixaram claro sobre quem são esses aliados, na sua maioria uma classe média alta que sequer consegue enxergar os efeitos desse governo sobre si mesma. Por outro lado, nas colunas dos protestos estavam os trabalhadores organizados, a juventude, os estudantes, os sem-terra, os sem-teto, enfim, os que sempre estiveram na luta. A luta de classes bem demarcada nas ruas. O chefe de governo, que tem mais de 100 pedidos de impedimento no Congresso, fez o que sabe fazer. Esticou a corda mais um pouco. Até agora tem nadado de braçada, sem que nada ou ninguém o obstaculize. As chamadas instituições democráticas fazem ouvidos moucos aos seus ataques à Constituição e permitem que a roda da economia siga girando em favor da classe dominante. Os trabalhadores vão sendo acossados, as privatizações seguem, o agro comanda e tudo parece bem. O judiciário fisga peixinhos enquanto o líder do cardume segue tranquilo. Nada lhe toca. A fascistização do governo é pop nas altas rodas. O sete de setembro foi uma patacoada. Mostrou que o governo perdeu apoio e apenas mantém seu reduto inicial formado por ultraconservadores e reacionários de carteirinha, bem como outros que ingenuamente acreditam nas mentiras disseminadas à exaustão sobre o comunismo e blá, blá, blá. Mas, ainda assim, é uma parcela barulhenta e em sistemático estado de agitação. As forças de esquerda, as institucionalizadas, agiram com timidez. Como sempre, são os trabalhadores os que se movem para além dos líderes. Esses sabem que muito pouco têm a perder indo para a luta nas ruas. E, por isso, vão. A aprovação do presidente despenca. Mas ele tem cartas na manga, não nos enganemos. Enquanto a burguesia nacional não se descolar dele, ele seguirá esticando a corda para garantir mais um mandato. A turma do andar de cima ainda está ganhando muita grana e vê passar no Congresso Nacional muitas de suas pautas que vão contra trabalhadores. Para eles tá suave. A batalha real será mesmo nas ruas. E os trabalhadores organizados devem dar o tom. Adeus 2021, sem saudade https://urutaurpg.com.br/siteluis/em-1970-os-tupamaros-de-mujica-contra-dan-mitrione-o-mestre-da-tortura/

Pelos direitos dos povos originários

Com colaboração de Carolina Raciunas  O CONVERSA AO VIVO ZONA CURVA  do dia 2 de setembro contou com a participação da líder indígena, antropóloga e coordenadora geral da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira, Telma Taurepang, e do jornalista e ambientalista Felipe Milanez. Eles conversaram com Fernando do Valle (editor do Zonacurva), Luís Lopes (editor do Vishows) e o advogado Roberto Lamari sobre a tentativa de implementar o marco temporal e a desastrosa gestão do governo, que compactua com a violência contra os povos indígenas. Telma Taurepang contou que a iniciativa a partir do Projeto de Lei 490 é mais uma forma de agredir a existência dos indígenas, mas que eles ainda resistem: “A opressão continua, está no sangue dos europeus que chegaram e dizimaram quase todo o meu povo, mas eles esqueceram que nós somos sementes”, afirmou. Em meio a tantos problemas climáticos, a líder lembrou que os indígenas sempre cuidaram da natureza. “Somos nós que cuidamos da água e do território. Somos nós que cuidamos para que as próximas gerações consigam sobreviver”. O STF (Supremo Tribunal Federal) deve decidir nessa semana o marco temporal de demarcação das terras indígenas. Se o marco temporal passar, os índios só poderão reivindicar terras ocupadas até a promulgação da Constituição de 1988. O jornalista e professor Felipe Milanez explicou que a possível decisão favorável do STF ao marco temporal seria a perpetuação das medidas do atual governo contra a livre existência dos indígenas. Além disso, Milanez criticou a conduta da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), que tem perseguidos índios, contrariando à motivação que levou a sua criação de proteção aos povos originários. “O marco temporal é uma medida fascista, extremamente autoritária, contra a Constituição e que a gente não sabe onde ela vai dar. E a Funai está deixando de defender os territórios indígenas, de olho na privatização e exploração dessas áreas”, explicou Além do julgamento no STF, em 23 de junho de 2021, a Comissão de Constituição, Cidadania e Justiça (CCJ), presidida pela deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF), aprovou, por 40 votos a 21, o PL 490. O PL 490 cria um “marco temporal”, ou seja, só serão consideradas terras indígenas os lugares ocupados por eles até o dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição. O Projeto de Lei 490 (PL 490) é de 2007 e foi protocolado pelo então deputado federal Homero Pereira (PP-MT). A proposta era alterar o Estatuto do Índio, promulgado em 1973. Milanez explicou ainda que parte do congresso naturaliza o preconceito histórico contra os índios na discussão do PL 490. “Esse julgamento é um marco do racismo no Brasil. Isso exige que nós, enquanto brancos, tomemos atitudes antirracistas”. Mulheres indígenas lutam pelo futuro em Brasília Povos indígenas em luta contra as mudanças na Constituição  

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