Zona Curva

Política reportagem

Reportagens sobre a política na América Latina.

Um dia na Ocupação Manoel Aleixo, em Mauá

A repórter Zonacurva, Letícia Coimbra, visitou a Ocupação Manoel Aleixo, na Vila Bocaina, em Mauá, e conversou com Selma Neila, coordenadora desta e da Ocupação Antônio Conselheiro Selma diz que muitas pessoas escolhem priorizar a alimentação ou o aluguel, tal como ela precisou. “Tive que escolher, ou pagava água ou pagava luz, ou comia ou pagava o aluguel. E a gente sempre pagava o aluguel porque senão a gente ia para debaixo da ponte, então a gente passava fome pagando aluguel”. Ela lembra da fala do presidente Jair Bolsonaro (PL) no debate entre os presidenciáveis na TV Bandeirantes e ironiza: “você vê o presidente falar ‘não existe fome no país’. Onde ele anda não tem fome: ele anda no meio dos latifundiários do agronegócio, só anda de jet ski”. “Ele não governa para nós, governa para quem anda de jatinho e come picanha”, diz Selma, fazendo alusão ao churrasco realizado pelo presidente no Palácio da Alvorada no ano passado que contou com peças cujo quilo custava R$1.800 enquanto o restante dos brasileiros precisa buscar alternativas para consumir a necessidade diária de proteína. Segundo dados divulgados pelo IBGE (Índice Brasileiro de Geografia e Estatística), em junho deste ano, a média do rendimento domiciliar de 2021 foi de R$1.353, o menor desde 2012. Já a cesta básica, de acordo com pesquisa realizada pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o valor da cesta básica em maio deste ano equivale a R$1.226. Além disso, a coordenadora da ocupação afirmou que, apesar do governo possuir programas sociais, eles não resolvem o problema, sendo apenas medidas paliativas. “Mesmo que, às vezes, eles ajudem, isso não é o central. ‘Vou dar um auxílio de 400 reais’, a gente não precisa de um auxílio de 400 reais, a gente precisa de oportunidade de emprego, a juventude precisa de emprego, precisa acabar com a fome, então são coisas muito mais profundas do que simplesmente dar um auxílio de 400 reais”. Selma alega que os políticos usam os mais pobres para se autopromover e teceu críticas ao capitalismo, afirmando que trabalhamos apenas para conseguir o básico para sobreviver. “Ninguém ataca o capitalismo, por exemplo, ninguém diz que a razão de todos os nossos males, da miséria, dessa falta de moradia e da fome é o capitalismo, que transformou tudo em mercadoria e dinheiro”. Ela conta que alguns moradores da ocupação conseguiram receber o Auxílio Brasil, mas que por serem em sua maioria mães, o dinheiro não dá conta de despesas básicas. “A maioria não consegue comprar essas coisas – só o arroz, feijão e a fralda para a criança ou leite, que tá um absurdo de caro”. Selma questiona o fato do governo utilizar a repressão em vez do diálogo. “Quando a gente faz uma ocupação, por exemplo, a polícia vem nos reprimir, mas não vem um secretário de governo conversar sobre os motivos que levam a gente àquela situação porque estamos ocupando ali ou sugerir quais as soluções que podem ser dadas para que a ocupação não ocorra, mas não, eles mandam a polícia para descer o cassetete e gás lacrimogêneo, jogar tudo na rua, apontar arma na cara de mãe de família e de criança: é para isso que eles usam o Estado”, revolta-se. “Quem tem direito ao país é quem constrói ele, quem constrói esse país são os trabalhadores. Eles usam o estado, a polícia e a política para nos manter na linha… nos dão uma migalha lá e quer que a gente fique quietinho e não fale nada, que a gente não reivindique…” – Selma Neila, coordenadora da Ocupação Manoel Aleixo A ativista afirma também que não adianta se dizer a favor dos pobres e formar alianças com pessoas que ocupam claramente o lado oposto: “Eles querem dizer que tem um salvador da pátria, uma personalidade que vai vir e resolver tudo, só que não vai. Porque eles se aliam justamente com quem oprime, com quem tira direito de trabalhador, com quem gosta de privatizar o patrimônio público, então isso mais uma vez mostra que eles não estão do nosso lado.    O dia a dia na Ocupação Manoel Aleixo Em setembro de 2020, surgiu a Ocupação Manoel Aleixo, organizada pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), movimento nacional que luta pelo direito de morar de forma digna. No local, onde inicialmente moravam 40 famílias, que fizeram a mesma escolha que Selma, tiveram que se acostumar com essa nova realidade de moradia.  A organização da ocupação é feita em uma escala semanal e depende da cooperação de todos. As tarefas domésticas como as da cozinha e a lavagem de roupas são divididas entre todos e existe, inclusive, uma creche para ajudar as mães solteiras ou separadas. Essa dinâmica da Ocupação foi idealizada e realizada pelos próprios moradores, quando tais ações deveriam ser proporcionadas pelo governo, considerando o Art. 6o da Constituição de 1988, que garante, entre outros, o direito à moradia e à saúde. Entretanto, esses direitos foram negados pelo Estado, deixando essas pessoas vulneráveis.  Selma destaca que um dos maiores problemas relacionados aos moradores da ocupação é o do acesso a direitos básicos como educação e saúde. Isso porque para que as pessoas façam cadastro em escolas ou Unidades Básicas de Saúde, é necessária a comprovação de endereço. Ela conta que, para isso, assinaram um plano de internet/wi-fi no local para que o comprovante pudesse ser utilizado nessas situações, mas alega que mesmo assim há relutância quando mostrado. “Todas as vezes que eles pedem comprovante de endereço é uma briga, a gente mostra, mas sempre é uma briga. ‘Não, a gente precisa de um comprovante no seu nome’. Como alguém que não tem moradia vai ter um comprovante? Isso levanta também a questão dos moradores de rua, por exemplo, que com certeza não tem atendimento. É um problema muito sério na nossa cidade que muitas vezes não é abordado, mas existe”. O prédio por eles ocupado é uma antiga escola, que ficou sem uso por oito anos antes

Lula promete investimentos na educação em evento na USP

No dia 15 de agosto, o ex-presidente Lula participou da “Aula aberta: Universidade Pública e Democracia”, evento realizado pelo Coletivo USP Pela Democracia. O encontro também contou com a presença de personalidades como Fernando Haddad, Ermínia Maricato  e Marilena Chauí. Durante seu discurso, Lula destacou algumas realizações da sua gestão, como a diminuição da dívida pública, redução da inflação para 4,5% e investimento nas universidades. Em seguida, ele afirmou que o financiamento estudantil deveria ser maior, e que mesmo que algumas pessoas não consigam pagar o governo imediatamente, no futuro pagarão, melhorando a capacidade produtiva no país. “Nós temos que começar a perguntar quanto custou não fazer as coisas no tempo certo nesse país”, discursou. “Quanto custou não alfabetizar esse país na década de 30 ou 40? Quanto custou não fazer a urbanização quando começou a evasão do campo para a cidade? Quanto custou a esse país a gente não ter feito a reforma agrária quando foi feita no mundo inteiro? Fica muito mais caro”, questionou. Lula alegou ter deixado o Brasil bem encaminhado como a sexta economia do mundo e ainda em ascensão. O petista alegou que esperava que na segunda década deste século, o país estivesse entre os melhores, superando até mesmo a Inglaterra e França, disputando a quarta posição na economia mundial. “Eu trabalhava com esse sonho”, afirmou. “E o que aconteceu? Esse país que chegou a ser a sexta economia do mundo e agora é a décima terceira. Esse país que era motivo de orgulho em todos os continentes, virou pária”, disse. Encaminhando para o final, o ex-presidente pediu que a juventude não parasse de acreditar em si mesma e votar nos políticos que acredita e destacou: “não desanime da vida ou da luta, se a gente não luta enquanto a gente é estudante, a gente vai lutar quando a gente tem 70 (anos) ou 80 (anos)?”, perguntou. “Eu só vou sossegar quando o filho de uma empregada doméstica puder sentar no mesmo banco da universidade que a filha da sua patroa e disputar a mesma vaga em igualdade de condições e para isso nós temos que garantir emprego, comida e salário para as pessoas. Quando todo mundo tiver as mesmas condições para disputar uma vaga, a gente vai ver quem é inteligente e quem não é”, completou. Necessidade de diálogo com a população A escritora, professora e filósofa Marilena Chauí deu início ao evento relembrando as mais de 681 mil vítimas da covid, 33 milhões de famintos e 22 milhões de desempregados, e se referiu a essa atual situação brasileira como “crueldade”. “Um filósofo há muito tempo atrás escreveu que a covardia é a mãe da crueldade”, destacou. “O covarde, como é medroso, precisa sem cessar exibir signos e sinais de força: armas, milícias, mortes”, disse. Segundo Chauí, o Brasil vive no ódio e cinismo, mas salienta a necessidade de “recuperar a República”. Segundo ela, para isso, é preciso institucionalizar todas as áreas do poder executivo, refazer todo o campo dos direitos sociais e encontrar um caminho “pelo qual a reforma política libere o legislativo do peso que lhe cabe e recupere a independência do judiciário, que desde a Lava Jato se tornou uma questão de luta para nós… é preciso refazer o Brasil”.  A filósofa chamou a atenção para a forma como a direita opera nas redes sociais, e destaca que os recursos da esquerda são menores. De acordo com ela, existem duas tarefas necessárias. A primeira é conversar com as pessoas, no dia a dia, a respeito da atual situação política do Brasil. “Conversar com as pessoas explicando que esse Auxílio Emergencial só foi possível porque as esquerdas votaram, senão não sairia… isso a população precisa saber”. A segunda tarefa é fazer a população compreender que a mudança terá um ritmo lento diante do que será deixado por Bolsonaro. Chauí ressalta a importância da recuperação da economia para que os direitos sociais sejam “recuperados e refeitos”, sendo imprescindível para a democracia. “Onde nós estivermos, a nossa voz tem que ser ouvida, ela tem que se espalhar por todo o Brasil” Questão urbana Já a arquiteta, urbanista e ativista Ermínia Maricato chamou a atenção para a questão urbana do Brasil: “85% do que se constrói nesse país não tem a participação nem de arquitetos, nem de engenheiros, como se isso fosse luxo” e exigiu que a pauta seja levada à agenda nacional. Segundo ela, a maior parte dos domicílios brasileiros é informal, sem tratamento de esgoto. Durante seu discurso, Maricato alertou para a falta de acesso à moradia formal e de qualidade, e pediu reforma urbana. De acordo com a professora, a Constituição de 88 assegura esse direito, mas o Estado não está cobrindo, apesar do dever.   Questão racial A geóloga e professora Adriana Alves se referiu aos problemas causados pelo atual governo como “uma possibilidade de reconhecer os erros do passado” e construir um futuro em que as mudanças ajudem a consolidar uma democracia que supere as injustiças.  Alves falou sobre a questão racial, chegando a citar a menção de Bolsonaro ao peso de negros como “arroba”, medida que costuma ser usada para animais. Ela destacou o fato do Brasil ser um dos últimos países a abolir a escravidão, e mesmo o fazendo, abdicou de políticas públicas, causando desigualdade a enorme desigualdade racial na política.  “Na atual conjuntura política, nós somos 16% de senadores e senadoras, 24% de deputados e deputadas, 32% de prefeitos e prefeitas e 47% de vereadoras e vereadores. […] Tais números significam que várias das políticas públicas voltadas a nossa população são formuladas a partir de um lugar de branquitude e de concessão dessa branquitude.” A professora também citou o índice no judiciário: apenas 12% dos magistrados são negros, em um país cujos negros são 67,7% da população carcerária. “Eu não consigo não pensar em uma relação de causa e efeito desses números”, alegou. “Nós vamos juntar os diferentes para vencer os antagônicos”, diz Lula   Lula no covil do pato Lula se compromete com melhorias no

Lula se compromete com melhorias no SUS em conferência

No dia 5 de agosto (Dia Nacional da Saúde), aconteceu a Etapa Nacional da Conferência Livre, Democrática e Popular de Saúde, na cidade de São Paulo. O evento organizado pela Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva) e outras entidades de saúde coletiva propôs iniciativas no sentido de melhorar a política de saúde. A conferência deste ano contou com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que recebeu uma Carta Compromisso pelo SUS e pelo Fortalecimento do SUS do movimento Frente pela Vida. Lula iniciou seu discurso ressaltando a importância do debate para haver melhorias nas políticas do governo e teceu elogios à classe, com destaque por sua atuação durante a pandemia. Lula dividiu a saúde pública em dois momentos históricos: o momento anterior à pandemia e outro após. De acordo com ele, apesar de todas as perdas que o país sofreu, o coronavírus fez a população crer mais no Sistema Único de Saúde e nos profissionais da área, valorizando o “heroísmo” com que trabalharam. “Precisamos nesse instante lutar e lutar para que a gente coloque o SUS no patamar em que ele precisa estar”, afirmou Lula sobre a importância do SUS. O petista também falou sobre a necessidade de relacionar saúde com a promoção de qualidade de vida, “garantindo acesso aos serviços de saúde, mas priorizando também o direito à alimentação de qualidade, moradia, transporte, renda, educação e lazer”. “Nós não podemos continuar usando a palavra ‘gasto’ quando se trata de cuidar da saúde do povo brasileiro, é um equívoco. A gente tem que avaliar quanto custa para um país uma pessoa saudável […], a capacidade produtiva e a capacidade intelectual cresce muito e  melhora a capacidade produtiva do país, o país ganha com isso. Não é possível então que a gente trate a questão da saúde e a educação como gasto”, discursou Lula. Durante seu discurso, o candidato à presidência da República Lula deu destaque ao fato da população pobre e negra serem as que mais sofrem com a falta de políticas no setor. “Sem isso, a gente não pode falar de saúde nesse instante com o povo na fila do osso, da carcaça de frango, e com 125 milhões de pessoas não podendo comer proteínas”, disse, afirmando a necessidade de fortalecer o sistema de saúde para controlar o índice de insegurança alimentar e frisou que o Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo. “O problema da fome no Brasil não é falta de produção, é falta de vergonha na cara das pessoas que governam esse país, que não tem sentimento contra a fome”, ressaltou Lula. O petista salientou sua experiência governando o país e a de Geraldo Alckmin (PSB) governando São Paulo. “Não falta ao presidente e ao vice experiência para tentar tirar esse país do lamaçal em que ele se encontra e colocar esse país outra vez no berço da democracia”. Novamente Lula destacou sua energia e vontade de fazer mais do que foi feito durante suas duas gestões e falou contra o teto de gastos. “Não espere de mim ficar chorando que não tem dinheiro, nós vamos ter que arrumar dinheiro[…] não terá teto de gastos em lei no nosso país”, reforçou. “Vocês estejam vigilantes, porque eu não acredito em governo que dê certo se o povo não estiver cobrando. Eu quero, pela nossa amizade, dizer a vocês: eu não quero vocês deixando de criticar o governo quando ele erra […] os governantes não podem ver a crítica como ofensa, a crítica é um direito democrático. Se preparem, porque vocês irão ajudar a gente a governar”, completou o ex-presidente. Além do petista, também participaram Junior Hekurari Yanomami (presidente do Conselho Distrital de Saúde Yanomami e Yekuwana), Fernando Pigatto (presidente do Conselho Nacional de Saúde), senador Humberto Costa, senador Fabiano Contarato, ex-deputada Jandira Feghali e outras lideranças.  No geral, os convidados que subiram no palco pediam maiores investimentos no Sistema Único de Saúde, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, como enfatizou Luiz Augusto Facchini, ex-presidente da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), pedindo equidade no sistema, “onde todas as necessidades da população estejam contempladas”. Já a professora e antropóloga Fátima Lima chamou a atenção para o fato das políticas desse segmento estarem diretamente relacionadas com gênero, classe, raça e território, baseadas em uma relação de poder. Segundo ela, para construir outros modelos, é necessário mudar a relação de poder. Democracia e saúde Sonia Fleury, cientista política convidada para discursar sobre democracia e saúde, falou sobre a maneira com que a direita se organiza e destacou a necessidade da esquerda repensar sua estratégia de luta, eleger aliados que representem o povo no Congresso e de Lula incluir um orçamento participativo em nível nacional em um possível governo, de modo que a população brasileira tenha o máximo de representação possível. “Nós temos que voltar a fazer política nos conectando com a população, com a miséria, com o sofrimento e voltar para o mundo da vida, não ficar apenas na política institucional, A política é o cotidiano, a política é a fome, a política é a desigualdade, a política é a falta de emprego. Nós temos que ir para as ruas, para os bairros tratar isso com as pessoas”, afirmou Sonia. Saúde indígena e ambiente O indígena Junior Hekurari Yanomami, presidente do Conselho Distrital de Saúde Yanomami e Yekuwana, chamou atenção para a falta de cuidados tidos com seu povo, afirmando que muitas crianças morreram devido à negligência do Estado e pediu ajuda. Também indígena, a biomédica Putira Sacuena destacou a importância de políticas de saúde que valorize sua ancestralidade, com um “olhar diferenciado”. Além disso, apelou para que o Brasil valorize seus povos e reconheça sua culpa pela situação dos indígenas atualmente. “Está na hora do Brasil acordar e valorizar os seus povos, tá na hora de reconhecer as suas ancestralidades […] vocês fizeram a Amazônia se transformar no jeito que tá, é hora de vocês abraçarem isso e trazer a responsabilidade pra vocês também enquanto sociedade brasileira”, disse Sacuena aos prantos.  

O aumento da fome e a ascensão dos novos bilionários

No último dia 20 de maio, o homem mais rico do mundo, Elon Musk, se encontrou com o presidente Jair Bolsonaro, no interior de São Paulo. Em um evento de lançamento de um projeto envolvendo a SpaceX, empresa de tecnologia do bilionário. Os apoiadores do presidente ficaram agitados e teceram centenas de elogios a Musk nas redes sociais. Musk têm a sua fortuna avaliada em 218 bilhões de dólares, segundo a revista Forbes. Dono da Tesla e da Space-X, Musk veio de uma família rica de Pretória, na África do Sul. O pai, Errol Musk, explorava minas de esmeralda. Desde 2019, seu patrimônio aumentou 699%, o bilionário é tão rico que pode perder 99% de sua fortuna e ainda estará entre os 0,0001% dos mais ricos do mundo.  Assim como Musk, outros bilionários obtiveram maior receita durante os anos de pandemia. Segundo o relatório da Oxfam Lucrando com a Dor, a fortuna dos bilionários aumentou. Os setores que mais lucraram foram o alimentício e o energético, que receberam um bilhão de dólares a cada dois dias. Isso ocorre em um período onde mais de 60 milhões de pessoas passam fome, só na América Latina, segundo o Panorama Regional de Segurança Alimentar e Nutricional 2021 da ONU. James Cargill II, responsável pela holding Cargill, dona de marcas como Liza, Maria, Pomorola e entre outros, obteve US$ 5 bilhões em lucro líquido em 2021, lucro recorde que deve ser batido novamente neste ano. A fortuna de Cargill II aumentou em quase US$ 20 milhões por dia desde o início da pandemia da COVID -19. A crise sanitária e a alta dos preços dos alimentos foram a combinação fatal para o empobrecimento ainda maior as classes mais populares. Durante este ano, um milhão de pessoas cairá na extrema pobreza a cada 33 horas, enquanto surge um novo bilionário a cada 30 horas no mundo. O relatório da Oxfam revela ainda que uma pessoa comum que está entre os 50% mais pobres demoraria 112 anos para ter o que uma pessoa dos 1% mais ricos recebe em um ano. Sendo assim, se torna claro a importância de políticas públicas que prezam por uma melhor distribuição de renda. O relatório ainda sugere uma forma de como remanejar recursos de uma forma eficaz com a criação do imposto pandêmico sobre os lucros excessivos das maiores corporações do mundo, a Oxfam estimou que tal imposto sobre 32 corporações super lucrativas durante a pandemia, poderia ter gerado US$ 104 bilhões em receitas.  Além disso, a taxação de grandes fortunas também se faz necessária, segundo estimativas do relatório, se fortunas acima de US$ 5 milhões fossem taxadas em 2%, as acima de 50 milhões de dólares em 3% e em 5% as acima de US$ 1 bilhão, seria arrecado US$ 2,52 trilhões em todo o mundo. Com esse montante, seria possível produzir vacinas suficientes contra a COVID-19 para o mundo além de tirar 2,3 bilhões de pessoas da pobreza. O maior condomínio de luxo do mundo Aumentam os casos de furtos famélicos no Brasil Norte e Nordeste voltam a ser esquecidos no faminto Brasil de Bolsonaro https://urutaurpg.com.br/siteluis/a-cronica-desigualdade-brasileira/

Governo Bolsonaro agrava a violência contra ativistas

Brasil ocupa o terceiro lugar entre os países mais letais para ativistas ambientais e de direitos humanos O informe anual de 2021 da Anistia Internacional revela que três em cada quatro ataques letais sofridos por ativistas ambientais ocorreram na América Latina. O Brasil ocupa a terceira posição na região, atrás apenas de Colômbia e México. O relatório também aponta que cerca de 30% dos ataques estão ligados à extração de recursos naturais como o agronegócio e a venda de madeira. A região amazônica foi registrada como a mais perigosa, onde ocorreu 75% dos casos de homicídio no país. O Governo Bolsonaro com sua política antiambiental em prol dos interesses de garimpeiros ilegais e do lado mais violento do agronegócio estão entre as causas do agravamento dessa violência contra ativistas. Um caso que ganhou repercussão foi o do líder indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau, assassinado em abril de 2020, no município de Jaru, em Rondônia. Ele era responsável pelo registro e denúncia de retiradas ilegais de madeira na aldeia Uru-Eu-Wau-Wau . Ainda em 2021, foram espalhados outdoors por municípios de Rondônia com a pergunta: “Quem matou Ari Uru-Eu-Wau-Wau?. Dois anos após a morte do ativista, parentes, amigos e ambientalistas lutam pela federalização do caso, na esperança de que a polícia encontre o o assassino. O caso mais emblemático continua sendo o assassinato de Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes. A vereadora do Rio de Janeiro militava a favor de pautas como a feminista, antirracista e LGBTQIA+.  Apesar de o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) ter acusado Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz como os responsáveis pelo homicídio, ainda falta o MPRJ e a Polícia Civil responderem quem é o mandante e qual foi a motivação do crime. O caso de Marielle expôs a violência presente na política brasileira, e escancarou a impunidade dos grupos paramilitares presentes no estado do Rio de Janeiro, visto que os acusados têm ligação com as milícias cariocas. https://urutaurpg.com.br/siteluis/nos-jornalistas-temos-uma-divida-com-bruno-e-dom/ Segue o massacre aos povos indígenas O jornalismo é uma forma de ativismo? As mil mortes de Marielle  

Violência contra pessoas negras denuncia a gravidade do racismo

O assassinato da deputada ativista negra Marielle Franco retrata a dura realidade de violência que a maior parcela da população brasileira vive. O Atlas da Violência 2021, divulgado recentemente, mostra que, em 2019, 77% das vítimas de homicídio no país foram pessoas negras, chegando à taxa de 29,2 casos a cada 100 mil habitantes. A taxa de homicídio foi 162% maior para pessoas negras do que para não negras. Além disso, a pesquisa mostrou como a desigualdade de gênero influencia o número de assassinatos. Em 2019, do total de mulheres assassinadas, 66% eram negras, 1,7 vezes maior que o de mulheres não negras. Apesar da violência letal de gênero ter caído nos onze anos anteriores a 2019, a desigualdade entre brancas e negras aumentou. Em 2009, a taxa de mortalidade de mulheres negras era 48,5% superior à de mulheres não negras. Já onze anos depois, esse valor é 65,8% superior ao de não negras. De acordo com o Atlas, há três razões principais para a violência contra pessoas negras ser maior do que em comparação com não negros: desigualdade socioeconômica, racismo e falta de políticas públicas. O racismo estrutural brasileiro dificulta a vida de pessoas negras, que possuem menos oportunidades de acesso a direitos garantidos pela Constituição como saúde e educação, que impulsionariam maior qualidade de vida. Segundo censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2019, pessoas brancas recebiam 56,6% a mais que a população negra no mercado de trabalho. Além disso, estudo realizado pela Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial com base em relatórios de empresas nacionais e multinacionais, como Ambev e Unilever, mostra que essa parcela da população ocupa apenas 6,3% dos cargos de gerência das grandes companhias, chegando a um número ainda menor entre os executivos (4,7%). O Atlas explicita também que os estereótipos relacionados à cor da pele são reproduzidos pelas “instituições do sistema de justiça criminal, sobretudo as polícias, que operam estratégias de policiamento baseadas em critérios raciais e em preconceitos sociais, tornando a população negra o alvo preferencial de suas ações”. O estudo também denuncia a inação do poder público no combate à violência racial e na implementação de políticas que visem a diminuição das desigualdades no país. Uma das únicas iniciativas é o Projeto de Lei 4791/20, que visa alterar leis como a 13.869 e impedir a violência racista no Brasil, além de diminuir a possibilidade de interpretações subjetivas quanto ao julgamento de questões relacionadas ao preconceito racial. A proposta aguarda o parecer do relator Helder Salomão (PT-ES) na Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM). Essa violência também chega em níveis diferentes, dependendo da localização geográfica. O Atlas da Violência mostra que as regiões Norte e Nordeste tiveram um aumento na taxa de homicídio de negros entre os anos de 2009 e 2019, com exceção apenas em cinco estados: Rondônia, Pará, Alagoas, Paraíba e Pernambuco. Já nas Unidades Federativas do Centro-Oeste e Sudeste, houve diminuição dessa taxa. Enquanto o Acre teve aumento de 114,5% de homicídio, o Espírito Santo registrou queda de 46,7%. Segundo o estudo, essa variação regional pode estar relacionada à competição no mercado de drogas, disputas entre organizações criminais e posições estratégicas na rota do tráfico. Violência contra pessoas negras denuncia a gravidade do racismo Governo Bolsonaro agrava o fosso da desigualdade As mortes negras e o Estado racista A revolta dos escravos muçulmanos em 1835 na Bahia A modelo negra da capa de revista

Políticos continuam a se eleger com financiamento da elite

Em 2018, empresários de direita que financiaram casta política, “cão de guarda” dos interesses do 1% mais rico, afundam o país na desigualdade Apesar da proibição do financiamento eleitoral por empresas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em 2015, empresários encontraram outra forma de investir em campanhas: a doação como pessoa física. Com limitações jurídicas – como a doação máxima de 10% do rendimento bruto do ano anterior à eleição – cidadãos comuns podem apoiar financeiramente candidatos. Além da transferência direta por dinheiro, é possível doar ou oferecer temporariamente bens pessoais com valores que podem chegar ao máximo de R$40 mil por pessoa física. Em 2018, o empresário bilionário Ruben Ometto, fundador e presidente do grupo Cosan, assegurou a eleição de 25 dos 64 candidatos apoiados por ele. Segundo o relatório “Democracia Inacabada”, da Oxfam, ele doou o total de R$7,55 milhões, a maior quantia individual cedida naquele ano. Dessa forma, o empresário garantiu a defesa de seus interesses privados por esses parlamentares. Recentemente, o bilionário foi entrevistado pelo veículo “Isto É Dinheiro” e, em tom satírico, reclamou pelo Brasil não ter tomado ações mais duras sobre o protecionismo que ditava regras ao comércio brasileiro de açúcar: “O Brasil errou em não ter feito sua bomba atômica. Se a gente tivesse feito uma, vocês iriam nos respeitar”. Outro doador, também empresário e fundador da Localiza, José Salim Mattar Junior, disse em reunião da Comissão Extraordinária das Privatizações da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, no início de agosto, que a desestatização de todas as empresas seria o melhor para o país. Em abril deste ano, Salim Mattar foi nomeado pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema (NOVO) como o novo consultor para projetos estratégicos na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do estado. Em 2018, o empresário deixou de presidir a empresa de aluguel de carros e aceitou o convite do Ministro da Economia, Paulo Guedes, para assumir a Secretaria Geral de Desestatização, visando privatizar empresas estatais como os Correios. Em sua agenda bolsonarista, Salim Mattar critica o uso de vacinas e defende medidas de privatização, se pautando em discursos de “defesa da liberdade”. Apesar do NOVO declarar que não apoia nenhum tipo de financiamento público em campanha, foi para o partido que o empresário doou R$1,2 milhão. Além disso, apesar de Mattar ter assinado o manifesto de empresários contra a abordagem golpista de Bolsonaro sobre as manifestações do dia 7 de setembro, em sua conta do Twitter ele se manifestou, mais uma vez, alinhado ao presidente. De acordo com o Supremo Tribunal Eleitoral (TSE), dos dez maiores doadores nas eleições de 2018, apenas uma era mulher. Lisiane Rocha, do Grupo Riachuelo, que direcionou bastante dinheiro a candidatos a deputados federais e estaduais, além de doação a um concorrente ao cargo de governador pelo MDB. Isso reflete fortemente na baixa participação de mulheres na política brasileira, impulsionada pela desigualdade financeira de gênero. A PNADC (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) anual, do IBGE, mostra que quanto menor a renda, maior é o número de mulheres correspondente. Já entre os 10% da população com maior renda, mais de 60% são homens. Essa desigualdade de renda aprofunda a dificuldade dos avanços pela luta pela equidade de gênero na política, além de mostrar como grandes empresários investem elevados valores a fim de aumentar as chances de determinados candidatos, com os quais simpatizam, serem eleitos. Dessa forma, apesar da proibição do financiamento eleitoral por pessoas jurídicas, há investimento empresarial de forma indireta. Assim, empresários garantem maior poder sobre a lógica da política brasileira. Brasil não está quebrado – é a austeridade que sufoca a economia #Ocupapolítica: por mais mulheres na política

#Ocupapolítica: por mais mulheres na política

#Ocupapolítica – Apesar da luta por equidade de gênero na política, as eleições de 2018 revelaram que o país ainda está distante de chegar a um patamar satisfatório. Na Câmara dos Deputados, por exemplo, apenas 15% dos eleitos são mulheres. Essa discrepância corresponde à implementação tardia de políticas públicas que promovem maior integração feminina. Em entrevista ao Zona Curva, a deputada estadual Monica Seixas (PSOL) explicou como a hegemonia reacionária atua na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. “Esses deputados geralmente se aglutinam porque têm um interesse em comum, que é manter as coisas como estão, ou seja, impedir o progresso das mulheres e da comunidade LGBTQIA+, que provocam mais avanços no processo político”. Seixas destacou a importância da resistência na casa legislativa ao reacionarismo, formado por três segmentos (coronelismo, fundamentalismo religioso e bolsonarismo). “Sou fruto da onda feminista. O levante de negros também tem trazido para o parlamento novos perfis de parlamentares e, por consequência, um perfil de legislatura com proposições novas”, completou a deputada. De acordo com dados do IPU (Inter-Parliamentary Union), o Brasil é um mau exemplo de representatividade feminina no Parlamento. Enquanto o país tem média 14,1% de presença feminina nas Câmaras, o continente europeu possui 29,8%. Essa desigualdade reflete a cultura misógina na política brasileira, que persiste mesmo após a implementação da legislação que reserva parte das candidaturas políticas às mulheres. A Lei n° 9.100/1995, que engloba o direito de cotas a mulheres nas listas de candidaturas de partidos e coligações, foi proposta pela então deputada Marta Suplicy (PT/SP), influenciada por iniciativa argentina de 1991. A decisão de 1995, que inicialmente previa 20% das vagas a vereadores, destinada às mulheres, evoluiu para 30% nas eleições seguintes. No entanto, o estudo “Democracia Inacabada: Um Retrato das Desigualdades Brasileiras”, divulgado recentemente pela Oxfam Brasil, mostrou que, apesar do machismo estrutural no país, há evolução. Em 2010, a quantidade de mulheres candidatas a deputadas chegou a mais de 22%, maior índice da história. Ainda assim, segundo o estudo, na atualização de ⅔ das cadeiras do Senado Federal, 2018 teve o número mais baixo de cadeiras ocupadas por mulheres desde 1998: sete, das 54 disponíveis. Hoje, a ocupação feminina está em 12,34% do total de 81 assentos. Vale lembrar que, apesar do mandato ser de 8 anos, a renovação das cadeiras acontece a cada 4, variando entre ⅓ e ⅔. Apesar das cotas femininas existirem, elas correspondem à reserva das candidaturas, não das cadeiras legislativas. Isso não seria um problema se as disputas nas eleições recebessem o mesmo investimento tanto para homens como para mulheres. Ainda de acordo com o relatório da Oxfam, o poder econômico está diretamente relacionado à garantia de maior poder político. Nesse sentido, as doações a campanhas têm forte potencial para estabelecer maior visibilidade e poder a candidatos e partidos, aumentando sua chance de vitória na eleição. Com informações da IPU e OXFAM. Igualdade na política pode levar mais de um século

Mulheres indígenas lutam pelo futuro em Brasília

“As mulheres originárias precisam ocupar esses ditos pilares da democracia de Brasília para assegurar suas vidas”, diz a ativista indígena Telma Taurepang sobre II Marcha das Mulheres Indígenas Enquanto bolsonaristas destilavam ódio e defendiam pautas antidemocráticas como intervenção militar em Brasília no 7 de setembro (última terça), chegavam na capital as primeiras manifestantes da II Marcha das Mulheres Indígenas. Elas lutam contra o marco temporal e a favor dos direitos à terra e à vida dos povos originários e pelo reflorestamento de áreas devastadas. Ontem (dia 8), os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) retomaram o julgamento do marco temporal de demarcação das terras indígenas. Se o marco temporal passar, os índios só poderão reivindicar terras ocupadas até a promulgação da Constituição de 1988. O julgamento foi retomado hoje (dia 9) com a leitura do voto do relator Edson Fachin. Com a permanência de bolsonaristas em Brasília, o grupo de mais de 4 mil pessoas de 172 povos presentes no acampamento não marchou hoje para evitar confrontos, mas atividades e debates seguiram em ebulição para fortalecer o movimento. O movimento das mulheres indígenas, que gerou a marcha, foi iniciado em 2015 com o “Voz das Mulheres Indígenas”, projeto da Organização das Nações Unidas em conjunto com a Embaixada da Noruega, com o objetivo de apoiar o empoderamento e a participação política das originárias do Brasil. “Nós somos o fruto e a resistência. As indígenas lutam há mais de 521 anos pela vida”, disse Telma Taurepang, antropóloga, ativista e coordenadora geral da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira. A resistência contra o marco temporal é pauta importante desta segunda marcha. A Advocacia Geral da União (AGU) defende o projeto, enquanto a Procuradoria Geral da República se manifesta contra. Telma conta que o ativismo político é essencial na luta pela vida, e que as mulheres indígenas continuam sofrendo com retrocessos. “Os três poderes continuam fazendo leis que violam os direitos dos povos indígenas, que atingem diretamente as mulheres originárias”. Apesar da vontade de ocupar área em frente ao Congresso Nacional, as manifestantes foram orientadas pela polícia a instalar delegações próximas à Funarte. As mulheres estão se unindo a cerca de mil indígenas que participam do acampamento “Luta pela Vida”, que começou no dia 22 de agosto. A marcha está prevista para acontecer até 11 de setembro. Segundo a antropóloga, o tema “Mulheres originárias: Reflorestando mentes para a cura da Terra” está relacionado à “conexão com a ancestralidade que nos faz entender que precisamos reflorestar a mente do século XXI, porque essa mente agride, discrimina e é genocida”. Ela explicou ainda que as mulheres são as que mais sofrem nesse movimento de resistência porque lutam para dar visibilidade a elas mesmas. Com informações do Correio Braziliense. Os Yanomami O Ministério dos Povos Originários Ecocídio & genocídio Floresta em pé, o fascismo e o PL 490 no chão Povos originários: segue a batalha contra o marco temporal Pelos direitos dos povos originários Ministério da Agricultura regulará demarcação de terras indígenas Povos indígenas reagem aos ataques do novo governo Terras indígenas são estratégicas contra mudanças climáticas, defende deputada Joenia Wapichana Povos indígenas em luta contra as mudanças na Constituição

A luta contra a transfobia

O primeiro CONVERSA AO VIVO ZONACURVA recebeu a ativista trans-travesti Patrícia Borges no último sábado (dia 21 de novembro). Discutimos a agressão sofrida por Patrícia enquanto panfletava para a vereadora Erika Hilton (a mulher mais votada na cidade de São Paulo) ativismo, poesia e a luta contra o preconceito. ASSISTA AO VÍDEO, SIGA NOSSA PÁGINA NO YOUTUBE E ACIONE O SININHO Patrícia relata no vídeo acima como foi agredida no dia 10 de novembro por volta das 15 horas durante panfletagem em frente ao Shopping Center 3, na Avenida Paulista, em São Paulo. Ao abordar uma mulher sobre a importância de uma representante transsexual na Câmara de Vereadoras, a mulher respondeu que “essa cambada de viado tinha que morrer”. Poucos minutos depois, a mulher voltou com um pau de selfie e mais dois homens para agredir Patrícia, além de puxões de cabelo, socos e até mordidas. No momento, uma viatura da Polícia Militar passava no local e se recusou a fazer a prisão em flagrante da mulher e dois homens. O shopping não cedeu as imagens de suas câmeras para reconhecimento dos agressores. Na eleição de 15 de novembro, 26 transexuais foram eleitos como vereadores em diversas cidades brasileiras. Em São Paulo, Erika Hilton (PSOL) se elegeu com votação consagradora de 50.508 votos. Patrícia falou da luta contra o sistema CIS (CIS surge da palavra cisgênero que é a identidade de gênero que corresponde ao sexo atribuído no nascimento) e relata como foi expulsa da casa dos pais aos 13 anos por conflitos devido a sua identidade de gênero.     “Eu criei uma família no mundo e meu ativismo surgiu da inquietude para dar voz às travestis que estão na pista sendo agredidas por pessoas frustradas” Patrícia Borges, ativista trans-travesti   Para sobreviver, se prostituiu, chegou a tomar um tiro de raspão e 3 facadas dos “clientes insatisfeitos com suas vidas medíocres”, segundo ela. Com o tempo, percebeu que devia procurar outros caminhos. Com isso, Patrícia despertou para o ativismo e a literatura e hoje é poetisa e exerce diversas atividades como integrante do Cursinho Popular Transformação, que oferece cursos  para pessoas transgêneras, travestis e não binárias em São Paulo.   Patrícia também atua no Transarau, que é uma inciativa organizada por “estudantes, coordenadorxs e profes do Cursinho Popular Transformação como um espaço de representatividade da população LGBTQI+ para se manifestar sem Temer e tremer muito com performances poéticas (ou não), dança, bateção de cabelo, microfone aberto e o que mais vier”, conforme descrição da página do Facebook do sarau. Acessa lá! Beijo bi do super-homem atualiza o mito Poema da ativista trans-travesti Patrícia Borges

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