Está em cartaz no Memorial da Resistência de São Paulo a exposição “Yona Friedman: Democracia”. Com caráter biográfico, o espaço recebe obras que relembram valores democráticos e baseados na importância de assegurar os direitos humanos. Nascido na Hungria, Yona Friedman foi arquiteto, artista, sociólogo e antropólogo. Em cartaz até março de 2022, a exposição conta com a curadoria da coordenadora do Memorial da Resistência, Ana Pato.
A mostra traz algumas das produções de Friedman, como trechos de filmes, desenhos e colagens. Entre os trabalhos expostos estão imagens de projetos importantes da carreira do autor como a “Cidade Espacial” e alguns manuais que foram resultados de uma parceria com instituições como a Unesco, dando maior visibilidade a questões relacionadas à dignidade humana. Além disso, há parceria com os coletivos artísticos “casadalapa” e “Paulestinos”, promovendo encontros públicos em conjunto com o Sesc Bom Retiro.
A mitologia, elemento presente em diversas obras de Friedman, está na mostra através de recriações, feitas pela organização da exposição, de desenhos e palavras, dando destaque a figuras como “unicórnias”, da tradução de “Licornes”, no francês.
Um dos princípios do trabalho do artista que dá vida à exposição é a necessidade de tornar compreensível tudo aquilo que deve ser de conhecimento público, ou seja, Friedman defendia democratizar todo tipo de expressão. Por isso, os quadrinhos são de extrema relevância à mostra e permitem que os visitantes reflitam sobre o que está sendo abordado através da experiência independente e visual.
Uma obra em destaque na exposição é a instalação “Gribouilli”. Com uma estrutura “tridimensional irregular”, fios de alumínio se entrelaçam no espaço e revelam a originalidade dos trabalhos do autor.
Outra exposição em cartaz no Memorial, essa de longa duração, apresenta ao público quatro das celas que encarceraram pessoas durante a ditadura militar no Brasil, além de um corredor com elementos históricos do período e salas com explicações sobre a cronologia da ocupação do edifício. Também é possível entrar no corredor em que os presos tomavam banho de sol.
O espaço reservado busca enaltecer a resistência de ativistas que lutaram contra a repressão do período, além de relembrar a crueldade que o regime cometeu durante seu governo no país e a necessidade de valorizar e lutar pelos princípios democráticos. As paredes das celas possuem manifestações escritas de sobreviventes e dão intensidade à memória do desse período sombrio do país.
SERVIÇO: O Memorial fica aberto à visitação de quarta a segunda (fechado às terças), das 10h às 18h, e se encontra na Rua Largo General Osório, 66, Santa Ifigênia. A entrada é gratuita. Até 7 de março de 2022.